Ambev perde fatia de mercado, mas vê lucro disparar no terceiro trimestre

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Para compensar o aumento nos preços, empresa antecipou descontos de fim de ano e vendas cresceram



A decisão do governo de postergar o aumento de impostos para o setor de bebidas ajudou o lucro líquido da Ambev a disparar no terceiro trimestre. Para compensar a subida nos preços e a perda na participação de mercado, a companhia deve manter sua política de descontos adotada a partir de outubro. A empresa obteve um crescimento de 49% nos lucros, na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, para R$ 2,5 bilhões.

Em relação aos preços, a Ambev elevou os preços das cervejas no terceiro trimestre, antecipando- se à proposta do governo de aumentar os impostos no setor— medida que foi postergadaemsetembro. A alta foi entre 9% e 9,5%, buscando compensar também o aumento nas despesas e a variação cambial. Historicamente, a companhia realiza um reajuste anual, geralmente no quarto trimestre e leva emconta o cenário de custos.

No terceiro trimestre, devido ao aumento de preços, a receita líquida da companhia saltou dois dígitos, com alta de 26%, a R$ 8 bilhões. Como parte do aumento de impostos foi postergado para abril, a Ambev está tentando compensar temporariamente a subida nos preços com uma política de descontos.

 “Como o impacto do imposto foi menor, pudemos antecipar as promoçõesde finaldoano.Na prática é voltar atrás”, explica Nelson Jamel, vice-presidente financeiro e de relações com investidores. “Vamos ver os preços médios caírem um pouquinho a partir de outubro. Quando publicarmos o balanço do quarto trimestre, o crescimento da receita será abaixo da inflação”, prevê.

Em refrigerantes não houve nenhuma revisão no impacto tributário, o aumento foi mantido. A alta na tributação começaria a ser aplicada em1º de outubro, e seguiria de forma gradual em quatro anos. O governo estendeu o prazo para seis anos, e prorrogou parte do aumento de outubro para abril de 2013.

Com os maiores preços praticados no terceiro trimestre, a empresa perdeu fôlego no volume de vendas, embora a menor alta tenha sido mais do que compensada pelos preços. No Brasil, o volume vendido de cerveja avançou apenas 0,2% para cervejas, e 0,4% em refrigerantes. Isso resultouemperda de participação demercado para a empresa.

Em cerveja, a empresa passou a deter uma fatia de 68,5% no mercado de cerveja,umrecuo de 1,1 ponto percentual frente a um ano antes.

Nova unidade

A Ambev reiterou o compromisso de investir até R$ 2,5 bilhões até o final deste ano. Deste total, R$ 1,96 bilhão foramdesembolsados até setembro, sendo cerca de 75%dos recursos voltados ao Brasil. No terceiro trimestre foram investidos R$ 965,7 milhões.

Ontem, a companhia também anunciou que fará aportes de R$ 550 milhões para a construção de uma nova fábricaemUberlândia, no Triângulo Mineiro, que terá capacidade de produzir até 8 milhões de hectolitros de cerveja por ano.

Marcas premium

Além do aumento geral nos preços, o desempenho das marcas Premium da Ambev contribuiu para o resultado. Segundo dados da empresa, de janeiro a setembro deste ano o mercado de cervejas no Brasil cresceu 2,6%. Enquanto isso, no mesmo período, as vendas das marcas Premium da companhia aumentaram 16,7%. “O desempenho da Budweiser vem crescendo e o quarto trimestre vai ser muito forte para a marca.”

Outro vetor de crescimento para a Ambev está nas regiões Norte e Nordeste. Enquanto o volume de cerveja vendida no Brasil cresceu 2,3% de janeiro a setembro deste ano, nessas regiões a expansão foi de 7,1% no mesmo período. “Nessas regiões temos espaço para aumentar a participação de mercado, então vamos continuar fazendo investimentos necessários” diz Jamel.

República Dominicana

Neste trimestre, a empresa também consolidou os resultados da Cervecería Nacional Dominicana, cujo controle foi adquirido em maio deste ano. A compra ajudou a Ambev a aumentar a receita: com isso, a divisão Hilaex (operações na República Dominicana, Venezuela, Equador, Guatemala e Peru) obteve uma expansão de 235% só na receita, a R$ 399,9 milhões


Veículo: Brasil Econômico


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