Imagine a cena: o estádio lotado; na torcida, em vez de cerveja, todo mundo tomando vinho - e em caixinha tipo longa-vida. É isso o que querem a Tetra Pak e o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), que se uniram para promover uma nova forma de vender a bebida.
"Já houve antes tentativas de colocar o vinho em caixinha no mercado, nos anos 90. Mas, naquela época, o consumidor não aceitou a ideia. Agora, ele está mais aberto a coisas novas", diz Eduardo Eisler, vice-presidente de estratégia de negócios da Tetra Pak.
A ideia é promover a popularização do vinho, para aumentar o consumo. A caixinha pode, por exemplo, ampliar as ocasiões de consumo da bebida. "Com ela, o vinho pode ser vendido em estádios de futebol, onde não entra garrafa de vidro", diz Eisler. Para o produtor, segundo ele, a embalagem acartonada reduz os custos em até 50%. Essa diferença, diz ele, deverá ser repassada ao consumidor.
Amanhã, o Ibravin e a Escola de Samba Vai-Vai realizam uma degustação para decidir quais os três vinhos que serão a bebida oficial do desfile do Carnaval 2013, em São Paulo. "O tema da Vai-Vai será o vinho e, enquanto a escola estiver desfilando, vinho em caixinha de 180 ml será distribuído para o público na arquibancada", diz Alceu Salle Molle, presidente do conselho deliberativo do instituto.
Na semana passada, os produtores retiraram do Ministério do Desenvolvimento o pedido de salvaguarda para o vinho brasileiro. A popularização é a saída para melhorar as vendas da bebida nacional. E a maneira de fazê-la acontecer, conforme o Ibravin e a Tetra Pak, é por meio da caixinha, que deverá chegar ao mercado somente em 2013.
Em 2011, segundo a Nielsen, que mede a venda de vinhos nacionais e uma parcela da de importados, o mercado movimentou 148 milhões de litros, 47% mais que em 2010. No Nordeste, a alta foi de 56%. Só perdeu para o Sul, onde o crescimento foi de 65%, e para a região da Grande Rio, com evolução de 72%. Este ano, o consumo continua aumentando. De janeiro a abril, as vendas cresceram 36% em litros. Da mesma maneira, aumenta a importação de vinhos chilenos (os mais representativos entre os importados). A alta foi de 29% de janeiro a julho.
"O brasileiro está bebendo mais vinho, mas a estratégia da caixinha é um desafio", diz Daniel Asp Souza, gerente de atendimento da Nielsen. "Mesmo classes mais baixas têm como aspiração as marcas mais caras", diz ele, para quem a caixinha pode acabar tirando o "status" que o vinho tem.
Veículo: O Estado de S.Paulo