Entre janeiro e outubro, as vendas de cervejas apresentaram queda de 0,4%. Já os preços, registraram alta de 22% no mesmo período
O maior endividamento do consumidor brasileiro e a alta nos preços nos últimos meses devem se traduzir na redução do consumo de cerveja em 2012, a exemplo do que aconteceu no ano passado, quando o setor registrou queda de 1% na comparação com 2010. Seria a segunda queda consecutiva nos últimos cinco anos. A estimativa é da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), que ainda espera uma melhora considerável no volume consumido no mês de dezembro, que representa o dobro do que é vendido em um mês de julho.
“Estamos esperando um dezembro muito bom para reverter esse número negativo até outubro”, disse Paulo Petroni, presidente executivo da CervBrasil, que reúne as quatro principais cervejarias do país - Ambev, Schincariol, Heineken e Petrópolis.
Entre janeiro e outubro, segundo dados da Nielsen, as vendas de cervejas apresentaram queda de 0,4%. Já os preços, registraram alta de 22% no mesmo período, de acordo com o IPCA. Apesar do consumo menor, a produção teve alta de 3,23% no acumulado até novembro (12,2 bilhões de litros, contra 11,8 bilhões de litros no mesmo período de 2011), de acordo com os dados do Sistema de Controle de Produção de Bebida (Sicobe). A expectativa é de encerrar o ano com crescimento de 4% no volume produzido pela indústria cervejeira no país, uma expansão tímida na comparação com a média de 6,5% entre 2005 e 2011.
Sobre a alta nos preços para o consumidor, o presidente da CervBrasil disse que ela é consequência da valorização cambial, que representou um aumento de 18% nos custos do setor, e também do aumento nos valores de commodities como açúcar, alumínio e malte, principais matérias-primas e que representam 60% nos custos da fabricação da cerveja no país. Outro fato que puxou as vendas para baixo foi a redução no consumo das cervejas premium, que chegaram a subir 5,3% no começo do ano com o avanço da classe C nesse mercado
“O fato é que a cerveja ficou mais cara para o consumidor. E quando o preço aumenta, o consumo cai. A classe C, que puxou o consumo do segmento premium parou de consumir esses produtos por conta dispor de menos dinheiro no bolso”, disse Petroni, lembrando ainda que a carga tributária do setor é uma das maiores, chegando a 50,5%.
Essa carga de impostos deve aumentar ainda mais e puxar para cima os preços da cerveja. O governo já alterou as alíquotas para várias bebidas, incluindo a cerveja, que terá um acréscimo de 2,5% a partir de abril de 2013.
“O governo federal é o grande sócio do setor: 50,5% do preço final da cerveja são absorvidos por impostos, tributos e taxas. E agora vai haver uma aumento na carga tributária real de 2,5%”, reclamou Paulo Macedo, diretor a CervBrasil e representante da Heineken na entidade.
Veículo: Diário de Pernambuco