Preço do suco cai e citricultor foca mercado interno

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SÃO PAULO

A queda do preço do suco de laranja no mercado externo, que já acumula baixa de 13% neste mês, somado aos altos estoques da indústria processadora e à redução no consumo mundial criaram um cenário pouco favorável para os produtores venderem laranja para o mercado externo. Para alguns setores da citricultura, a única forma dos agricultores reverterem essa crise é voltar as atenções para o mercado interno de suco de laranja e de frutas de mesa.

"O produtor vai ter que começar a procurar esses supermercadistas e nichos de distribuição diferentes. Não pode continuar produzindo para a indústria, ele precisa trabalhar para fazer mercado interno, fazer fruto de mesa", defende João Sampaio, ex-secretário de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo.

Pelos números de consumo de fruta e suco no País, essa realidade ainda está distante. Enquanto a indústria processadora exportou 1,1 milhão de toneladas de suco nos últimos 12 meses, as vendas para o mercado interno somaram apenas 40 mil toneladas no último ano, equivalente a 3,51% do volume total de suco produzido, de acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

Já as laranjas de mesa têm maior direcionamento para o mercado interno. No entanto, a produção citrícola desta safra deve separar apenas 14,6% da produção para a mesa. De acordo com o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), das 327,8 milhões de caixas previstas para a esta safra, 48,7 milhões de caixas irão para a mesa dos consumidores.

O ex-secretário conta que já há "bons exemplos de produtores que estão fazendo parcerias com pequenos mercados nas suas regiões e com as prefeituras, e estão conseguindo direcionar sua fruta para o mercado interno".

Medidas

Sampaio acredita que as estratégias para essa mudança de rumo poderão ser mais bem estruturadas com a criação do Conselho de Produtores e Exportadores de Suco de Laranja (Consecitrus), do qual foi idealizador. Porém, o conselho, criado para articular toda a cadeia da laranja, está em trâmite no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e é questionado pelas associações de produtores, pois não há consenso de qual entidade deve participar como representante do setor.

Enquanto o conselho não é oficializado, o setor espera uma resposta do governo paulista de uma proposta entregue pela Sociedade Rural Brasileira (SRB) há seis meses para financiar produtores que queiram arrancar as laranjas não produtivas e substituí-las por laranjas de mesa. Cesário Ramalho, presidente da entidade, afirmou ao DCI que o Palácio dos Bandeirantes assinalou positivamente para a proposta. "O próprio governador me ligou. A sugestão foi bem aceita", contou.

Ele ressaltou que o maior problema são os altos preços do suco de laranja nas redes de varejo. "Hoje temos sucos importados nas prateleiras. O Brasil importa laranja de mesa da Espanha e do Uruguai", criticou. Para reduzir o preço ao consumidor, Ramalho defende a desoneração do PIS e do Cofins dos produtores. Ele sugere também que os governos realizem compras da fruta para incluir nas merendas escolares.

O ex-secretário Sampaio defendeu que é importante dar incentivos para os citricultores na produção de frutas de mesa. "Essa fruta exige um tipo diferente de trato, tem que ter mais qualidade do suco. A colheita tem que ser mais focada, tem que tirar os frutos mais maduros e doces. Isso remunera melhor o produtor, mas exige trabalho diferenciado", disse Sampaio. Para ele, será preciso "mudar o modelo de produção para que o produtor continue na atividade".



Veículo: DCI


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