Com R$ 5 bilhões em caixa, a mexicana Coca-Cola Femsa, maior engarrafadora da Coca-Cola do mundo, vai desembolsar de uma só vez, quase R$ 1 bilhão (US$ 448 milhões) para comprar a Companhia Fluminense de Refrigerantes. O presidente da Femsa no Brasil, José Ramón Martínez, disse ao Valor que a companhia está de olho em novas oportunidades de consolidação no país, onde atuam 12 franquias da Coca-Cola.
Fundada em 1949 pela família Monteiro, a Companhia Fluminense de Refrigerantes é uma das mais antigas engarrafadoras da Coca-Cola no país. Entre 2008 e 2012, a empresa quase dobrou de tamanho. No ano passado, teve receita líquida de R$ 454 milhões e lucro de R$ 35,6 milhões.
A aquisição, que ainda depende de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e com previsão de ser completada no quarto trimestre, permitirá à Femsa aumentar sua fatia de mercado de 25% para cerca de 30% no país, disse Ramón Martínez. A capacidade produtiva no Brasil passará de 602 milhões para 680 milhões de caixas unitárias por ano e o número de funcionários sobe de 12,7 mil para 14,7 mil.
A Companhia Fluminense de Refrigerantes é a sexta aquisição da Femsa desde que decidiu entrar no Brasil, em 2002, quando assumiu o controle da Panamco. De lá pra cá, a Femsa também comprou a Remil, engarrafadora de Minas Gerais, além da Sucos Mais, Sucos Del Valle e da Matte Leão. A Femsa teve faturamento de US$ 2,4 bilhões em 2012 no Brasil.
A Femsa engarrafa e distribui produtos da Coca-Cola em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. Sozinho, o Estado de São Paulo representa 60% do negócio da empresa no país. Com a compra da Companhia Fluminense de Refrigerantes, a Femsa entra no Janeiro. "A operação da Companhia Fluminense é geograficamente complementar à nossa. É um passo importante de consolidação, mas estamos atentos a outras oportunidades no país", disse.
Segundo o executivo, a transação embute várias sinergias a serem capturadas a partir da integração da malha logística das empresas e do incremento da capacidade produtiva da fábrica da Companhia Fluminense de Refrigerantes, localizada em Porto Real (RJ). "A operação [da Companhia Fluminense] ficará mais eficiente, pois traremos a escala da Femsa para a negociação com fornecedores", afirmou Ramón Martínez.
A transferência da gestão da operação depende da aprovação do Cade. A Femsa tanbém vai buscar aprovação da Coca-Cola Company.
Sobre a conjuntura no Brasil, o presidente da Coca-Cola Femsa diz que todo o setor de bebidas sentiu desaceleração das vendas no primeiro trimestre e isso não foi diferente com a Femsa. Ele projeta, no entanto, um segundo semestre melhor. Prevê que o ritmo de vendas será impulsionado pelo verão e que o entorno macroeconômico estará mais estabilizado.
A operação da Femsa no Brasil também tem sido afetada pelos efeitos adversos da inflação, disse o executivo. Fora o aumento dos custos com mão-de-obra, as margens da companhia são hoje pressionadas pelo alta nos preços de commodities como açúcar e alumínio. "Nossa política é repassar para os preços apenas a inflação", disse.
Apesar do cenário desafiador, a empresa está investindo um total de US$ 340 milhões em ampliação de capacidade e logística no país. O maior projeto em andamento, que demandará recursos de US$ 258 milhões, é uma nova planta fabril em Itabirito (MG), a primeira fábrica "verde" da Femsa no mundo.
Veículo: Valor Econômico