Aranãs em processo de registro.
A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) deverá disponibilizar para o mercado, até o final do ano, uma nova cultivar de café adaptada à região do Vale do Jequitinhonha. A cultivar Aranãs já está em processo de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e deve contribuir para a evolução da produção de café especial na região.
De acordo com o pesquisador na área Genética do Cafeeiro da Epamig do Sul de Minas, César Botelho, as expectativas em relação à produção de café na região são positivas e um dos gargalos que impediam o desenvolvimento era os investimentos em pesquisas. Outro desafio está na aplicação de tecnologia nos cafezais.
"Vários municípios do Vale do Jequitinhonha têm grande potencial para desenvolver a cafeicultura e produzir grãos especiais. Uma das grandes carências da região era em relação às pesquisas de cultivares adaptadas para o clima, mas estamos iniciando esses estudos e acreditamos que, ao longo dos anos, teremos resultados muito favoráveis. Este é um trabalho inicial e também é necessário que sejam feitos investimentos em tecnologia", avalia Botelho.
Segundo Botelho, a cultivar Aranãs já é cultivada em áreas comerciais para testes. A expectativa é que o registro seja aprovado ainda este ano pelo Mapa, o que, se confirmado, possibilitará a chegada das mudas ao mercado ao longo de 2014. A produtividade média dos últimos três anos da Aranãs ficou em 50,1 sacas por hectares.
"Acreditamos que ante os resultados positivos, os produtores da região deverão apostar na Aranãs tanto para a renovação dos cafezais quanto para a ampliação da área de cultivo. Por ser mais adaptada à região, a produtividade e a qualidade são favorecidas", ressalta.
Desempenho - Outras cultivares que estão apresentando desempenho positivo na região são a Catiguá MG1, MG2 e MG3. Essas cultivares vêm demonstrando boa adaptabilidade ao solo e ao clima da região.
O cafeicultor Sérgio Meirelles Filho está apostando nas novas cultivares e os resultados são positivos. O produtor disponibilizou cerca de 1,2 hectare para o cultivo de 15 cultivares de café em período de teste e o melhor resultado foi observado na cultivar Aranãs. De acordo com ele, na média de três safras, a produtividade foi de 50,52 sacas de 60 quilos por hectare. Na primeira safra a produtividade chegou a 68 sacas.
Meirelles Filho, proprietário da Fazenda Alvorada, investe atualmente na Catiguá MG2 considerando-a como oportunidade para a região se destacar na produção de café especial e ampliar a sua atuação no mercado internacional. Essa variedade obteve 83 pontos em análise de cupping feita pela Ally Coffee (exportadores norte-americanos de café do Brasil), de acordo com a metodologia Specialty Coffee Association of America (SSCA).
Ainda segundo Meirelles, a bebida tem um gosto mais adocicado e um amargor diferente dos grãos cultivados até então na região. Com o sabor diferenciado, o produto consegue atender a demanda de mercados mais exigentes, como a Europa e os Estados Unidos, além de possuir maior valor de comercialização.
Para Meirelles, um dos grandes desafios para a produção de café especial no Vale do Jequitinhonha é a aplicação de tecnologia. Devido ao clima, a irrigação dos cafezais se torna praticamente obrigatória, o que aumenta os custos de produção mas em contrapartida favorece o aumento da produtividade. O relevo da região permite que a colheita seja mecanizada.
"O investimento em tecnologia é fundamental para ampliar a produtividade, a qualidade e reduzir os custos de produção. Para se ter ideia, implantando a colheita mecanizada é possível reduzir entre 40% e 60% os custos de produção, que em área não mecanizadas respondem por 50% do valor de venda de uma saca", avalia Meirelles.
Veículo: Diário do Comércio - MG