Assim como ocorreu com a líder Ambev, o volume de cerveja vendido pela multinacional holandesa Heineken no Brasil encolheu no primeiro semestre. A queda no país foi de "um dígito médio" - ao redor de 5% - em relação a um ano antes, informou a companhia.
A cervejaria, que também comercializa as marcas Kaiser, Bavaria e Sol, disse que o rótulo Heineken cresceu "fortemente" em volume na primeira metade do ano no Brasil, mas que as vendas de suas cervejas "mainstream" (mais populares) foram menores.
De acordo com a Heineken, o desempenho no Brasil foi prejudicado pelas pressões inflacionárias, desaceleração da economia e períodos de inquietação social.
Apesar disso, o presidente mundial da companhia, Jean-François van Boxmeer, disse que a Heineken pretende continuar os seus planos de expansão nos mercados emergentes, durante teleconferência com investidores e analistas ontem. "Há coisas que são um pouco mais flexíveis, como embalagens retornáveis, e você pode esperar um pouco mais para ver o que está acontecendo. Mas os investimentos estruturais, vamos realizá-los", disse, sem citar valores.
No Brasil, a Heineken está encerrando as atividades da fábrica de Cuiabá e transferindo a produção para as unidades de Manaus e Araraquara (SP). Segundo a empresa, a decisão foi tomada com base em estudos de viabilidade de mercado para seguir com os planos de crescimento programados.
O Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo - com faturamento de R$ 63 bilhões em 2012. Mas os fabricantes instalados no país têm tido dificuldades de expandir o volume produzido desde o terceiro trimestre de 2012.
A produção do setor, que avançou na média 6% ao ano entre 2002 e 2012, pode encerrar este ano sem crescimento ou até com suave decréscimo no país.
Segundo dados do Sistema de Controle de Produção de Bebibas (Sicobe), o volume de cerveja produzido no Brasil caiu 1,8% de janeiro a junho. Em julho, os volumes subiram 2,3% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Dona de marcas como Skol, Brahma e Antartica, a Ambev sentiu retração de 8,2% no volume de cervejas vendido no país no primeiro trimestre. No segundo, com impulso da Copa das Confederações, o recuo foi menor, de só 0,4%.
Globalmente, a Heineken registrou lucro líquido de € 639 milhões no primeiro semestre de 2013, recuo de 16,6% na comparação anual. A receita da empresa cresceu 6,6%, para € 9,3 bilhões.
A cervejaria holandesa disse esperar que as incertezas econômicas e a fraca confiança do consumidor continuem em seus principais mercados. Segundo a Heineken, as empresas do setor têm sofrido com mau tempo e baixa demanda em vários mercados do Hemisfério Norte.
"Embora as tendências de volume tenham melhorado em julho, com o clima quente de verão na Europa, as condições econômicas de nossos principais mercados continuam a limitar os gastos do consumidor", disse Boxmeer aos investidores.
Para aumentar as margens de lucro, a Heineken elevou sua meta de corte de gastos de € 525 milhões para € 625 milhões até o fim de 2014.
Veículo: Valor Econômico