Cachaça artesanal expande fronteiras

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Mais de 35% do faturamento da cachaçaria Weber Haus, na pequena cidade de Ivoti, no Rio Grande do Sul, é resultante das exportações. A tradicional empresa de família descendente de alemães iniciou a produção em 1948 e gradativamente expandiu as vendas no mercado doméstico. Em 2004, começou um audacioso projeto de exportação. Os primeiros embarques foram para as Ilhas Bermudas, no Caribe, a partir de 2006. Atualmente, a Weber Haus comercializa cachaça para os Estados Unidos, Canadá, Itália, França, Alemanha, Irlanda, Japão e China.

"Éramos uma empresa muito pequena em 2004. De lá para cá, o faturamento dobrou várias vezes porque conquistamos novos mercados. A partir de 2014, 50% do nosso faturamento será das exportações", afirma Evandro Weber, diretor da Weber Haus. Este ano, a produção deverá ser ampliada em cerca de 20%, chegando a 220 mil litros. O portfólio é composto por 42 itens e a empresa coleciona 38 prêmios nacionais e internacionais.

A Weber Haus foi uma das primeiras a serem certificadas pelo Inmetro e também possui o selo de produto orgânico do Ministério da Agricultura. Dentre os produtos mais nobres, a cachaça é recebe os rótulos de Premium Black, envelhecida por dois anos em barris de carvalho e outro ano em barris de bálsamo, Premium Orgânica, que passa três anos no carvalho francês, e a Extra Premium 6 anos, é envelhecida cinco anos em carvalho francês e um ano em bálsamo. A Weber Haus lançou recentemente uma edição especial de apenas 2 mil garrafas numeradas da Extra Premium 12 anos - seis em carvalho francês e seis em bálsamo.

Nos Estados Unidos, a Weber Haus mantém parceria com a rede de churrascarias Fogo de Chão. A empresa desenvolveu um produto específico que recebeu a marca da churrascaria, mas também comercializa suas marcas próprias. Para o mercado chinês, o foco é a linha de cachaças com polpa de frutas e infusões de flores e ervas.

Outra pequena empresa familiar e tradicional do Rio Grande do Sul que desponta para o comércio internacional é a Casa Bucco, constituída por imigrantes da Itália no município de Bento Gonçalves. A bebida é feita com cana-de-açúcar cultivada no Vale do Rio das Antas. A destilaria produz 80 mil litros por ano. "Vamos duplicar nossa produção em dois anos para atender aos Estados Unidos", afirma Moacir Menegotto, diretor da Casa Bucco. A empresa trabalha com um cliente em Nova York, que ampliará gradativamente as compras da cachaça branca Calor Brasilis. Há ainda frentes de negociação em Miami e no Texas. Na Alemanha e Suíça, a Casa Bucco conta com dois clientes ativos.

A bebida premium mais premiada é a Cachaça Envelhecida, que permanece seis anos em barris de carvalho e bálsamo. "Acabamos de desenvolver um catálogo de apresentação dos nossos produtos em quatro línguas - inglês, espanhol, italiano e alemão - para aproveitar o novo status que a cachaça tem ganhado no mundo", diz Menegotto. Segundo ele, as vendas crescem substancialmente desde 2009 e a Casa Bucco é uma marca de R$ 1 milhão.

Mais de 40% dos 60 mil litros produzidos ao ano pela Cachaça da Quinta, no município do Carmo, região serrana do Rio de Janeiro, é destinada a um cliente estratégico nos Estados Unidos. A parceria comercial foi fechada no ano passado. "Produzimos para uma marca americana, engarrafamos e rotulamos. Sai tudo pronto daqui. Agora, estamos negociando para entrar também no mercado asiático", afirma Kátia Alves Espírito Santo, proprietária da empresa familiar, que foi fundada em 1923 e está na terceira geração.

De acordo com a empresária, a cachaça branca da Quinta, que descansa em tonéis inoxidáveis entre 10 e 12 meses, recebeu a Grand Gold Medal do Concurso Mundial de Bruxelas, alcançando a pontuação máxima dentre os melhores destilados do mundo. "Foi a única bebida destilada brasileira a obter a premiação máxima nos 20 anos de existência desse mundial", comemora Kátia.

Com atuação mais recente, a Cachaça Werneck, fundada em 2008 no município Rio das Flores, no Rio de Janeiro, acaba de fechar negócio com um cliente na China. A princípio serão quatro embarques por ano de US$ 8 mil cada, da linha prata, descansada em tonéis de jequitibá por seis meses, e a ouro, envelhecida por no mínimo um ano em barris de carvalho. O primeiro carregamento está a caminho. "Recentemente, nossos produtos foram expostos na Guiyang Wine Fair 2013, na província chinesa de Guiyang", comenta Eli Werneck, proprietário da empresa. De origem mineira, ele decidiu apostar no mercado de cachaça em um plano de aposentadoria após deixar a diretoria da Volvo Penta.



Veículo: Valor Econômico


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