A Anheuser-Busch InBev acertou a recompra da empresa sul-coreana Oriental Brewery, que estava em mãos da KKR, por US$ 5,8 bilhões, incluindo dívidas, acordo que consolidará a cervejaria belga como maior do mundo em vendas.
A aquisição coloca a Oriental de volta sob o controle da AB InBev em um momento em que o mercado de cerveja da Ásia, de US$ 258 bilhões, cresce duas vezes mais do que o resto do mundo.Em cinco anos, sob controle da KKR, a fatia de mercado da Oriental na Coreia do Sul passou de 40% para 60% [os lucros mais do que dobraram], apesar dos controles de preço, pesada regulamentação e altos impostos no país. A KKR havia comprado a Oriental da AB InBev por US$ 1,8 bilhão, incluindo dívidas, no terceiro trimestre de 2009, com o que terá retorno de três vezes sobre seu investimento.
O mercado de cerveja da Coreia do Sul, no qual a Oriental e a rival doméstica Hite têm participação somada de 90%, deverá crescer mais de 13% nos dez anos até 2022. O volume de cerveja vendida cresceu a um ritmo anual de 2% entre 2009 e 2012 - um momento em que mercados como os Estados Unidos e o Japão [e Brasil] vêm perdendo força.
"A Oriental Brewery vai fortalecer a nossa posição na região da Ásia-Pacífico, de alto crescimento, e se tornar um contribuidor significativo em nossa Zona Ásia-Pacífico", disse o CEO da AB InBev, Carlos Britto, em nota.
O acordo confere um valor à Oriental equivalente a cerca de 11,6 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), segundo analistas do Bank Degroof, abaixo da média de 13,5 vezes da maioria das aquisições do setor desde 2009. "Quando você olha para o acordo de perto, só pode concluir que eles fizeram um acordo excelente", disse Hans d'Haese, analista do Degroof especializado em cerveja. "Eles adquiriram o grupo por um bom múltiplo [do Ebitda], que lhes dará quase um monopólio em um mercado de cerveja de alto crescimento".
O sucesso da Oriental será, sem dúvida, alardeado tanto pela KKR como pelas rivais da área de "private equity" como exemplo do que as firmas de investimento em participações, em especial, as estrangeiros, podem fazer pelas empresas nas quais investem. Na Ásia, em geral, as firmas de 'private equity' são vistas como exploradoras de empresas em dificuldade para seu próprio benefício.
No passado, essas firmas compraram muitas empresas em dificuldades, principalmente na época da crise financeira asiática. Nos últimos anos, ficou mais difícil encontrar investimentos a bons preços e para ganhar bons retornos pelo dinheiro investido, como a TPG conseguiu com alguns de acordos na área bancária na região e a Carlyle, com um investimento na China Pacific.
A KKR comprou a Oriental da AB InBev em 2009, em acordo que avaliou a cervejaria em US$ 1,8 bilhão, incluindo dívidas e US$ 750 milhões em dinheiro. A KKR, então, vendeu fatia de 50% ao fundo sul-coreano Affinity Equity Partners, por US$ 400 milhões.
Na época da venda para a KKR, a InBev havia acabado de concluir a compra da Anheuser Busch e precisava levantar dinheiro para pagar as dívidas contraídas com a transação. Como parte do acordo, a InBev tinha a opção de recomprar a fabricante sul-coreana de cervejas dentro de cinco anos, de acordo com uma fórmula baseada em múltiplos do Ebitda. Em 2013, a Oriental Brewery teve Ebtida em torno a US$ 500 milhões.
A transação com a Oriental Brewery foi o maior e mais lucrativo investimento do primeiro fundo da KKR na Ásia. A firma de 'private equity' já começou a investir em um segundo fundo na Ásia. Levantou US$ 6 bilhões de investidores e assinou acordos em países como Japão, Malásia e Índia, embora ainda falte concluir alguns.
Carlyle e TPG, entre outros, também vêm levantando fundos na Ásia, embora se acredite que serão bem menores.Joe Bae, chefe da KKR na Ásia, agora é visto como um dos candidatos para acabar no comando de toda a firma, graças a investimentos bem-sucedidos como o da Oriental Brewery.
Veículo: Valor Econômico