O presidente global da Unilever, Paul Polman, disse ontem que a companhia perdeu entre € 60 milhões e € 70 milhões (em torno de R$ 200 milhões) em vendas da bebida à base de soja Ades no Brasil no ano passado. A companhia teve que recolher um lote de sucos do mercado em março, quando soube que algumas unidades continham solução de soda cáustica, usada para limpar a máquina na fábrica. Segundo a Euromonitor, a Unilever tinha 45% do mercado de bebidas a base de soja em 2010 e no ano passado essa fatia havia caído para 33%.
"Estamos reconstruindo a demanda do consumidor pela marca, com o relançamento de Soy Force, e vamos buscar uma melhora progressiva", afirmou Polman. O selo Soy Force foi lançado no fim do ano passado para reforçar o posicionamento dos produtos, que combinam proteína de soja, vitaminas e minerais em suas fórmulas. A Unilever produz 750 milhões de itens Ades por ano, entre 30 variedades de produtos.
A fábrica de Ades em Pouso Alegre (MG) ficou interditada de 15 de março a 8 de abril do ano passado, mas nos meses seguintes à liberação as vendas continuaram a ser impactadas pelo episódio, que repercutiu negativamente entre os consumidores. A Unilever já havia dito que no terceiro trimestre seu desempenho foi afetado pela queda nas vendas da marca. Mas, em novembro, o vice-presidente da companhia responsável pela cadeia de fornecimento no país, José Negrete, informou que a empresa já havia retomado o patamar normal de produção da bebida.
Apesar de deixar de vender essa quantia com Ades, a Unilever registrou alta de 13% em sua receita no Brasil nos nove primeiros meses de 2013, com uma expansão de 6,5% em volume. Os dados foram apresentados em conferência anual da companhia com investidores, em dezembro, pelo presidente da subsidiária, Fernando Fernandez. A companhia, portanto, conseguiu manter o ritmo de 2012, quando cresceu 12,4% e faturou R$ 13,6 bilhões no país, seu segundo maior mercado global.
Segundo Fernandez, a Unilever conseguiu quebrar, desde 2011, a contradição de crescimento entre volume e preço no país. "Atingimos uma qualidade de crescimento em que preço e volume estão aumentando juntos de forma consistente. Com isso dobramos nossa taxa e crescimento", afirmou. Segundo o executivo, ganhar volume é prioridade da companhia. Mesmo protegendo esse indicador, a companhia conseguiu que 90% de seus negócios ganhassem margem ao mesmo tempo que cresceram em vendas, informou Fernandez.
Ontem, Polman afirmou que a Unilever vai continuar lançando suas novas marcas nos países em que ainda não estão presentes. Como exemplo de sucesso, ele voltou a citar o lançamento da linha para cabelos TreSemmé no Brasil, assim como os temperos Knorr que vêm num saquinho plástico para assar, e os produtos de limpeza doméstica Cif e Vim. Essas novidades, juntas, geraram uma receita adicional de quase € 250 milhões em seu primeiro ano no Brasil.
Outra estratégia para recuperar o crescimento nos mercados emergentes, como o Brasil, é buscar oportunidades de expansão geográfica, como nas regiões Norte e no Centro-Oeste do país, "onde já estamos, mas ainda temos muito mais a fazer para permitir um crescimento futuro", disse Polman.
Veículo: Valor Econômico