A gigante das bebidas AB InBev, dona da Ambev, volta ao mercado da Coreia do Sul de olho no potencial de expansão do consumo de cerveja na Ásia. O grupo anunciou nesta semana a recompra da Oriental Brewery por US$ 5,8 bilhões, empresa da qual havia se desfeito em 2009, logo após a formação do conglomerado AB InBev. A opção de recompra valia por cinco anos e venceria em julho.
A decisão de retornar ao negócio envolveu análise tanto de gestão do negócio quanto de aspectos mercadológicos. Segundo a AB InBev, a Oriental Brewery, sob administração dos fundos KKR e Affinity, tornou-se a maior cervejaria da Coreia do Sul nos últimos cinco anos. Em 2009, o grupo se desfez da empresa por US$ 1,8 bilhão. Agora, graças à melhora de resultados, a companhia está sendo recomprada por US$ 5,8 bilhões. Ambas as contas incluem dívidas.
Analistas dizem que, graças à gestão de KKR e Affinity, a AB InBev terá mais facilidade ao reassumir o negócio. O cálculo do valor da aquisição é de cerca de 11 vezes o Ebitda (lucro operacional) da Oriental Brewery, que foi de pouco mais de US$ 500 milhões em 2013.
Além de a empresa estar "redonda", ela também representa a maior aposta da AB InBev no mercado asiático até agora. O interesse tem razão de ser: a região já é a principal consumidora de cerveja no mundo em volume, apesar de o consumo per capita ser relativamente baixo.
Segundo relatório do Kirin Institute - ligado à gigante japonesa Kirin Holdings, conhecida no país como a proprietária da Schincariol -, a Ásia responde por 35,1% do consumo mundial de cerveja. Em 2011, a venda de cerveja na região cresceu 8,4% em relação ao ano anterior.
Em países como a China, a expansão tem sido especialmente forte, de acordo com o instituto. O consumo per capita de cerveja no país cresceu 70% entre 2002 e 2011. Mesmo assim, um chinês ainda consome, em média, 33,3 litros por ano, a metade do volume anual do brasileiro.
Novos horizontes - O banco francês Société Générale afirma que o retorno à Oriental Brewery pode ser um antídoto para o marasmo nos mercados mais tradicionais de cerveja, que vêm enfrentando dificuldades. No Brasil, por exemplo, a produção de cerveja caiu 2% no ano passado, segundo dados da Receita Federal.
"A AB InBev procura áreas em que o mercado cresça mais rápido do que em regiões onde o grupo já é forte", diz o analista Andrew Holland, do Société. "Tenho dúvidas sobre a expansão das vendas nos Estados Unidos e sobre o potencial de crescimento do Brasil após a Copa."
Com a Oriental Brewery, a principal marca de cerveja da Coreia do Sul - a Cass - ficará nas mãos da AB InBev. Segundo relatório do banco JP Morgan, o negócio pode ser também uma boa plataforma para seus rótulos globais de maior valor agregado, como a Budweiser, que tem boa aceitação no país.
Veículo: Diário do Comércio - MG