A Ambev, maior fabricante de cervejas do país, com quase 68% do mercado, alcançou lucro líquido de R$ 11,35 bilhões em 2013, alta de 9% sobre o ano anterior. A receita subiu 7,9%, para R$ 34,8 bilhões, apesar da queda de 2,7% no volume total de bebida comercializada. Para impulsionar suas vendas no Brasil neste ano, a companhia aposta na Copa do Mundo e no lançamento da cerveja mexicana Corona, que deve chegar ao país com posicionamento 'premium' no segundo semestre.
Puxada por aumento de preços, a receita líquida da Ambev cresceu 9,1% no quarto trimestre, para pouco mais de R$ 11 bilhões. "Vamos buscar mais equilíbrio entre volumes e preços este ano", disse o presidente da companhia, João Castro Neves, em teleconferência com analistas e investidores. O lucro líquido cresceu 27,3% no quarto trimestre, para R$ 4,75 bilhões, mesmo com uma queda de 1,4% no volume total comercializado.
Antes dos juros, impostos amortização e depreciação, a Ambev reportou lucro de R$ 6,45 bilhões, alta de 17,4% no quarto trimestre. A performance operacional da companhia foi favorecida por um avanço dos custos em patamar inferior ao da receita.
O resultado final da companhia no último trimestre do ano também recebeu contribuição de uma receita de R$ 743 milhões proveniente de subvenções governamentais relativas à Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e uma menor alíquota efetiva de impostos.
Por causa desse dois fatores, o lucro líquido no quarto trimestre ficou 13% acima da média de projeções analistas consultados pelo Valor.
O lucro atribuível a participação dos acionistas controladores mais que dobrou entre outubro e dezembro, para R$ 4,66 bilhões. No entanto, esse aumento não reflete bem o desempenho da companhia que, por causa das etapas de sua reestruturação societária, ficou com bases acionárias incomparáveis no quarto trimestre.
Nelson Jamel, diretor financeiro da Ambev, esclareceu que até 30 de julho apenas 62% dos acionistas já estavam sob o guarda-chuva societário da "nova Ambev" - a Ambev S.A. Os outros 38% só foram incorporados após esta data.
Marcado pelo maior comprometimento da renda do consumidor, o ano passado se mostrou mais difícil do que o esperado pela empresa. Trimestre a trimestre, as vendas de cerveja e de bebidas não-alcoólicas no Brasil não reagiram e, no caso da Ambev, encerraram o ano com queda de 3% e de 2,1% em volume, respectivamente.
De modo geral, o tom adotado pela companhia após a divulgação de resultados foi de bastante entusiasmo com 2014. Para Castro Neves, algumas pressões de curto prazo que a Ambev enfrentou no ano passado estão "se dissipando". Ele citou como exemplo a desaceleração na inflação de alimentos.
A Ambev pretende manter o seu nível de investimentos este ano próximo ao de 2013, que totalizou R$ 2,8 bilhões. Em março, a companhia vai inaugurar uma nova fábrica em Ponta Grossa (PR). Ainda este ano, será aberta também a fábrica de Uberlândia (MG).
A Ambev trabalha com estimativa de aumento de "um dígito alto" a "dois dígitos altos" no seu faturamento líquido em 2014. Para o BofA, essa estimativa pode ser até conservadora, já que os dados de produção de cerveja no Brasil indicam que os volumes em fevereiro estão em alta de 9%.
No segundo trimestre, a companhia deve lançar no Brasil a marca mexicana Corona. O rótulo deve fazer parte do portfólio de marcas da Ambev com posicionamento 'premium' no país, como Budweiser, Stella Artois e a nacional Original. Recentemente, a marca Corona foi classificada como a mais valiosa da América Latina no ranking da Millward Brown, do grupo WPP, ultrapassando a Petrobras.
Atualmente, as cervejas 'premium' da Ambev representam 7% dos volumes comercializados pela companhia no mercado brasileiro. "Em mercados mais desenvolvidos essa fatia chega a 25%", afirmou Jamel.
A companhia colocou como sua prioridade comercial número um em 2014 aumentar em volume e participação de mercado as suas marcas 'premium'. A categoria é uma das apostas da Ambev para manter o crescimento da sua receita de uma maneira rentável.
Veículo: Valor Econômico