Até agora concentrada na produção de chope e de cervejas especiais, vendidas no varejo a até R$ 8,30 a garrafinha "long neck" de 355 mililitros, a cervejaria Dado Bier, de Porto Alegre, decidiu apostar em um segmento que desde o ano passado vem ganhando espaço no mercado impulsionado pela importação de produtos uruguaios e argentinos. A nova linha, em garrafas de 970 mililitros, começou a desembarcar nos supermercados gaúchos na semana passada e até abril deve chegar a praças como São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro.
O presidente da empresa, Eduardo Bier Corrêa, que tem como sócios o tio e empresário Jorge Gerdau Johannpeter e o amigo Daniel Santoro, diz que o novo produto, vendida em média a R$ 4,90 ao consumidor, permitirá à Dado Bier "mudar de patamar", depois de dois anos com uma produção de cervejas especiais estabilizada em 700 mil litros anuais. Segundo ele, a expectativa é vender, só neste ano, 300 mil caixas de 12 garrafas ( ou 3,5 milhões de litros), sem contar a versão em lata de 473 mililitros que está sendo preparada para ir ao mercado no mês que vem.
"Em alguns supermercados o produto esgotou no carnaval", diz Eduardo Bier. A nova linha vai garantir fôlego para manter a elaboração das cervejas especiais (dos tipos pilsen, weiss, ale e escura), que respondem por um terço do faturamento da empresa, de R$ 24 milhões no ano passado e R$ 20 milhões em 2007. Os dois terços restantes vieram dos três restaurantes que funcionam em Porto Alegre.
Agora, se o novo segmento responder como o esperado, Eduardo Bier espera faturar R$ 40 milhões em 2009, a maior parte por conta da venda de cervejas. Segundo ele, as embalagens de 960 e 970 mililitros de marcas como Patrícia, Norteña, Pilsen, Stella Artois e Quilmes (todas da AmBev) já representam de 8% a 9% das vendas totais desse tipo de embalagem no país, puxadas também pelo maior consumo doméstico de bebidas alcoólicas devido aos rigores da Lei Seca no trânsito. As cervejas especiais têm uma fatia ainda insignificante em função dos preços mais salgados. "Custam até oito vezes mais do que as cervejas industriais".
A nova linha também é do tipo pilsen, mas está enquadrada na categoria "premium", intermediária entre os produtos especiais e os industriais, conforme Eduardo Bier. Ela está sendo elaborada em instalações arrendadas por cinco anos da cervejaria Riograndense, em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, sob responsabilidade das equipes da Dado Bier. "A expertise que adquirimos na produção de cervejas especiais está sendo aplicada para garantir a qualidade do novo produto", diz o empresário.
Antes de decidir pela operação em Santa Maria, Eduardo Bier planejava construir uma nova fábrica em Osório, no litoral norte do Estado, para iniciar a diversificação da produção. Mas a oportunidade do arrendamento, num cenário de instabilidade econômica, acabou tornando-se mais atraente pois exigiu investimentos de apenas R$ 5 milhões na adequação de instalações e desenvolvimento do produto. A construção de uma unidade própria, planejada para uma capacidade de 12,5 milhões de litros por ano, custaria cerca de R$ 60 milhões.
Os planos para a nova fábrica, entretanto, não foram descartados e estão prontos para ser acionados se necessário, disse Eduardo Bier. Mas a planta arrendada ainda tem um "teto" muito alto para aumentar a produção. "Agora nosso crescimento depende só do mercado". A distribuição da nova linha da Dado Bier será feita pela Importbeers, que pretende alcançar cerca de 2 mil pontos de venda só no Rio Grande do Sul, além das maiores redes de supermercados das principais capitais do país.
Veículo: Valor Econômico