A Cervejaria Petrópolis, fabricante das marcas Itaipava, Cristal, entre outras, fechou 2008 com produção 25% maior em relação ao ano anterior, para 823 milhões de litros. Em faturamento, a fabricante, que assim como as outras concorrentes também realizou um reajuste nos últimos meses do ano passado, cresceu 38%, para R$ 1,53 bilhão, segundo Douglas Costa, gerente de marketing da empresa.
Como as concorrentes que já divulgaram os resultados, a fabricante de cerveja também sofreu nos últimos meses de 2008. "Foi um ano que viemos em uma crescente. Inauguramos a fábrica de Rondonópolis, a ampliação das unidade de Petrópolis e Terezópolis. Mas o fator climático e a crise a partir de outubro atrapalharam o último trimestre", disse Costa.
Se 2008 foi marcado por aumento de capacidade de produção e expansão de infraestrutura, este ano será de consolidação, segundo o executivo. A empresa quer consolidar a presença nos estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste antes de entrar em novos mercados. A distribuição deve ser ampliada em 2009. "Queremos chegar a 100% dos pontos-de-venda nos estados que já atuamos", disse Costa, estimando que as marcas atualmente estão presentes em 80% dos pontos-de-venda dessas regiões. "Estamos trabalhando com planos bienais e para os próximos dois anos nossa visão é de consolidação", explicou.
Apesar disso, distribuir as cervejas da companhia em outras regiões do país não deixou de fazer parte dos planos da Petrópolis. "Nosso objetivo é alcançar o Brasil todo", disse. "Mas até por conta da crise nossos planos ficaram de stand-by (em repouso)", afirmou.
Outro objetivo da empresa este ano é impulsionar as vendas de suas marcas premium, como a Petra, que mesmo com volume menor apresentam melhor rentabilidade. A Petrópolis também pretende ampliar o portfólio. Depois de encerrar 2008 com 35 itens (skus), a empresa espera chegar a 50 ao final deste ano.
E depois de 2008 marcado pelo crescimento, os objetivos são menos ambiciosos para 2009. De acordo com estimativas de Costa, o mercado nacional de cervejas - que ficou estável em 2008, segundo Ênio Rodrigues, superintendente do Sindicato das Indústrias de Cervejas (Sindicerv) - deve registrar no máximo crescimento de 1% em 2009. "Não estimamos grande crescimento para este ano. Aquela situação de 2008, com dólar a R$ 1,60, era uma realidade fictícia", disse Costa, que espera um crescimento em linha com o do mercado para 2009. A alta do dólar afetou os preços do alumínio, açúcar e cevada.
Preços mais altos
Para enfrentar as altas dos insumos, a empresa já realizou um reajuste no final do ano passado. De acordo com Costa, houve um aumento médio de 10% a 15% em todo portfólio da cervejaria. Apesar de não estar nos planos da empresa um novo reajuste em 2009, a situação é de incerteza. "Depende muito de como vai ficar a situação econômica. Com essa crise fica muito difícil prever o que vai acontecer", afirmou.
Operação Vulcano
Em novembro do ano passado, a operação Vulcano da Polícia Federal prendeu diversas pessoas acusadas de participarem de um esquema de sonegação fiscal. Entre os presos estava Marcos Valério - até então conhecido como pivô da crise do mensalão - que estaria prestando serviços para Walter Faria, proprietário da Cervejaria Petrópolis.
Na ocasião, em comunicado, a cervejaria negou a informação de que estaria de alguma maneira envolvida na operação e informou que não houve qualquer mandado de busca contra a empresa nem qualquer de seus executivos foi alvo da ação das autoridades.
Na sequência, a Justiça Federal de Santos (SP) aceitou a acusação formal do Ministério Público Federal contra Faria, que passou a responder por crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa, os mesmos a que Valério também responde.
Segundo Costa, apesar da grande repercussão, o caso não chegou a impactar nas vendas da fabricante. A empresa terminou o ano com 9,9% de participação de mercado, segundo dados da Nielsen. Em dezembro de 2007, a empresa possuía 8,5%.
Veículo: Gazeta Mercantil