O Valpolicella é feito numa zona do Vêneto, com as uvas autóctones Corvina Veronese, Rondinella e Molinara. Vinho leve, com pouco tanino, que não deve envelhecer
Um dos tintos italianos mais difundidos no mundo, o Valpolicella tem altos e baixos significativos. Ele é do Vêneto, a região que mais faz vinhos de denominação de origem controlada da Itália. Mais um caso no qual a popularidade pode levar à banalização, pois há muitos produtos apressados, feitos quase industrialmente, visando a consumidores pouco exigentes, muitos dos quais acham que a simples origem italiana pode garantir certa qualidade. Há também alguns vinhos mais caprichados, gostosos, alegres, que sozinhos podem não parecer tão atraentes, mas melhoram consideravelmente quando acompanham algumas carnes e, principalmente, massas e risotos. Um tinto bastante versátil, que se acomoda a muitos pratos e ingredientes.
Todos os vinhos ganham com boas companhias à mesa, mas os italianos ganham mais que outros. Parece que foram concebidos não como solistas, mas como participantes da obra coletiva de um jantar familiar ou com amigos.
Enfim, os Valpolicellas muito dificilmente são grandes, mas há alguns muito bons ou ótimos, aqui prejudicados algumas vezes por preços que assustam.
Por definição, o Valpolicella é feito numa zona demarcada do Vêneto, uma região de colinas perto da cidade de Verona, com as uvas autóctones Corvina Veronese (55 % a 70%), Rondinella e Molinara. Um vinho leve, com pouco tanino, que não deve envelhecer - está normalmente pronto com dois ou três anos de idade. Costuma ter um travinho amargo ao final (amarogno), que não chega a incomodar quando não é muito pronunciado.
Um vinho com pouco álcool (em torno dos 12 graus) que pode ser bebido à temperatura ambiente (conceito difícil de definir) e fica melhor quando ligeiramente resfriado (não gelado), entre 14°C a 16°C. Uma hora ou um pouco mais de geladeira resolve o assunto.
Como em outras zonas conhecidas, a palavra classico designa produtos da região original, de mais prestígio. Com a popularização de muitos vinhos, as zonas originais foram sendo estendidas. O Valpolicella com um mínimo de 12 graus de álcool e um ano de repouso na adega pode ser chamado de superiore.
VALPOLICELLA CESARI 2007
ONDE ENCONTRAR: EMPÓRIO FREI CANECA, TEL. 3472-2082
PREÇO: R$ 21,50
COTAÇÃO: 84/100 PONTOS
Um tinto italiano correto por um preço mais do que atraente. O rótulo é muito parecido com o do Valpolicella Bolla de alguns anos atrás. Aroma agradável, mas não dos mais pronunciados. Pouco aroma. Se comportou muito melhor na boca, quando se mostrou agradável, simples e fácil de beber. Levemente rústico, com acidez alta e um pouco tânico. Ressecou a boca. Faltou fruta. Um vinho curto, que desapareceu logo depois que passou pela boca. Pronto para o consumo, já adequado para beber, mas pode ficar mais macio com mais tempo (não muito) na garrafa. Álcool equilibrado e muito bem comportado. 11,5% de álcool.
VALPOLICELLA BOLLA 2006
ONDE ENCONTRAR: EMPÓRIO FREI CANECA, TEL. 3472-2082
PREÇO: R$ 39,95
COTAÇÃO: 84/100
Um vinho mais do que conhecido, presença constante nos restaurantes italianos e cantinas de São Paulo. Produzido em grandes quantidades pela Bolla, uma empresa de nome na região, com produtos de vários níveis e preços. Simples, descomplicado, sem maiores pretensões. Este tinto de 2006 está mais do que pronto para o consumo. Pouca intensidade de cor. Aroma muito bom e intenso. Evocou no nariz frutas bem maduras, compotas. Um aroma gostoso, que gerou uma expectativa que não se preencheu na boca. Pouco concentrado, com fraca intensidade de sabor. Leve, curto e um levemente agressivo. Acidez marcante. Depois de um certo tempo no copo ficou mais neutro e menos rústico, mais fácil de beber. 12% de álcool.
VALPOLICELLA CLASSICO LE RAGOSE 2006
ONDE ENCONTRAR: TERROIR, TEL. 3087 8300
PREÇO: R$ 60
COTAÇÃO: 87/100 PONTOS
Um produtor familiar de prestígio no Vêneto. Um Valpolicella Classico, indicando que foi feito na área original da denominação. Le Ragose é o nome do produtor e também de uma propriedade agrícola em Negrar, no coração da zona. Um corte tradicional de Corvina (50%), Rondinellla (20%) e outras cepas autorizadas. Vinho gostoso, ainda um pouco tânico, mas pronto para beber. Aroma atraente com algo de menta. Um aroma que evoca frescor. Na boca, redondo, com boa concentração de cor, boa estrutura e mesmo um pouco longo. Deixou sensação agradável na boca. Amargorzinho típico, nada agressivo. Boa acidez, nada enjoativo, pedindo o próximo gole. 12,5% de álcool.
VALPOLICELLA CLASSICO MASI BONACOSTA 2007
ONDE ENCONTRAR: MISTRAL, TEL.3372 3400
PREÇO: R$ 91,41
COTAÇÃO: 87/100 PONTOS
A Masi é uma empresa grande, tradicional, com produtos confiáveis de várias denominações de origem controlada do Vêneto. Um grande nome. O Bonacosta é um Valpolicella Classico, de um só vinhedo na zona original. Sem grandes pretensões, mas amigável, que se bebe com prazer. Corte tradicional de Corvina, Molinara e Rondinella. Aroma complexo, muito gostoso, mas não dos mais potentes. Algo de cereja no aroma e na boca. Um tinto leve, redondo, sem muita concentração e uma certa persistência. Fica um gosto bom na boca. Pronto para o consumo, mas deve ganhar com um pouco mais de tempo na garrafa. Ainda ligeiramente tânico e um pouco rústico. 12 graus.
Veículo: O Estado de S.Paulo