O mercado de 7 bi de litros

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Brasil é 4.º maior produtor de água engarrafada; setor cresce 7,6% ao ano no mundo e já bate o de refrigerantes

 

Há dez anos morando em São Pedro, interior de São Paulo, a professora aposentada Maria do Carmo Meirelles, de 61 anos, não lembra qual foi a última vez que comprou garrafa d’água no supermercado. A cada mês, ela enche seis galões de 20 litros cada em uma fonte natural que fica a 3 quilômetros de sua chácara, sem pagar nada. “A água é fresca, boa mesmo. O gosto é diferente da água de garrafa.”

 

Já a arquiteta Paloma Shizue Cortes Morimoto, de 26 anos, consome apenas água de garrafa. Moradora do Rio, ela não tem uma fonte natural próxima a seu apartamento, no bairro do Catete, e não bebe água de filtro. “Acho que não filtra direito. Além disso, o encanamento do meu prédio é velho e não confio na manutenção da caixa d’água”, conta ela, que gasta cerca de R$ 10 com água a cada semana. “Água de torneira, só em casos extremos.”

 

Cada uma a sua maneira, Maria e Paloma interagem com as estatísticas do mercado nacional de águas engarrafadas, que cresceu cerca de 10% ao ano nos últimos três anos, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam). “A água de torneira não é ruim, mas ninguém confia mais”, diz Carlos Alberto Lancia, presidente da instituição.

 

Nos últimos anos, o setor vem registrando crescimento - produziu cerca de 1,5 bilhão de litros de água mineral em 1995. Em 2005, esse número saltou para 5,6 bilhões e, em 2007, 6,8 bilhões. De acordo com Lancia, 35 empresas respondem por 50% da produção nacional.

 

Outro dado que aponta crescimento é a receita arrecadada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia. Apenas por compensação financeira pela exploração de recursos minerais, a autarquia arrecadou cerca de R$ 857 milhões em 2008, valor aproximadamente 50% mais alto se comparado ao de 2007. Em 1995, havia no Brasil 319 concessões de lavra de água mineral. Até setembro do ano passado, eram 789.

 

Dados da Associação Internacional de Águas Engarrafadas indicam que o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial de produtores. Consome mais água engarrafada que países como Itália, Alemanha, França e Espanha. E fica atrás dos Estados Unidos, México (que crescem, em média, 8,5% ao ano) e da China, cuja demanda aumenta 17,5% a cada ano. A taxa média de crescimento mundial é de 7,6% ao ano. Em 2007, por exemplo, foram consumidos 206 bilhões de litros de água vendida em garrafa. O mercado faturou cerca de US$ 100 bilhões naquele ano.

 

“A água mineral brasileira é uma das mais baratas do mundo”, diz Lancia. Segundo o presidente da Abinam, o consumo mundial dessa água ultrapassou a venda de refrigerantes.

 

O crescimento do mercado também ajudou a expandir a oferta e variedade de produtos. Se antes o consumidor tinha a opção de comprar água com gás, agora encontra no supermercado águas saborizadas, um misto de mineral com refrigerante. Algumas marcas ainda investiram no mercado de luxo, como a americana Bling H2O. A empresa trata a água diversas vezes antes de envasá-la em garrafas com formatos especiais. Lançadas em edições limitadas e geralmente adornadas com cristais Swarovski, as garrafas da Bling H2O custam de US$ 20 a US$ 65.

 

PLÁSTICO

 

Um dos problemas enfrentados pela indústria de água mineral é o plástico produzido para fabricar a garrafa, derivado do petróleo e do gás natural, ambos recursos não renováveis. A fabricação de garrafas PET consome pelo menos 1,5 milhão de toneladas de plástico.

 

“No Brasil, as garrafas de água representam 0,003% do total de material plástico disposto em um supermercado”, explica Lancia. De acordo com a Abinam, o mercado nacional recolhe 55% das garrafas PET produzidas. Além disso, 60% do mercado é de água vendida em galões de 10 e 20 litros, que são retornáveis, o que ajuda a diminuir a poluição.

 

Veículo: Jornal da Tarde - SP


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