Retração na Europa muda mapa mundial do vinho

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Evite aquela garrafa e economize dinheiro: é isso que franceses e italianos estão dizendo na medida em que a recessão reduz o consumo de vinhos nos mercados tradicionais do produto. Mas um grupo setorial afirma que a crise não foi suficiente para acabar com a sede de todo o mundo. Os consumidores do Novo Mundo ainda estão bebericando com convicção e os brasileiros "estão realmente começando a acreditar no vinho".

 

Após anos de crescimento ininterrupto, o consumo mundial de vinho começou a encolher no ano passado, juntamente com o resto da economia mundial, segundo informou ontem a International Organization of Vine and Wine (IOVW).
A queda geral não é muito dramática: o grupo diz que suas estimativas iniciais para 2008 mostram uma queda de 0,8% no consumo, para 243 milhões de hectolitros, comparado aos 245 milhões de hectolitros de 2007.

 

Mas os números mais recentes sobre a produção e consumo de vinhos ao redor do mundo revelam algumas mudanças importantes. Pela primeira vez os Estados Unidos ultrapassaram a Itália em termos de consumo total de vinhos, com 27,3 milhões de hectolitros, comparado a 26 milhões de hectolitros da Itália, segundo a IOVW. Na outra ponta, os vinhedos europeus responderam por menos da metade da produção mundial de uvas pela primeira vez no ano passado.
"É claro que a crise econômica mundial foi responsável pela queda da demanda geral", disse em Paris Federico Castellucci, diretor da organização.

 

O consumo caiu em todos os grandes países produtores e consumidores de vinho, incluindo a França, Itália e Alemanha - os países da Europa que mais consomem o produto. Estados Unidos, Canadá e Austrália aumentaram o consumo, compensando em parte da queda européia.
Os números de produção de vinhos também "não foram muito bons", disse Castellucci, "especialmente na Europa."

 

Os vinhos do chamado "Novo Mundo" - Argentina, Chile, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos - viram sua participação no mercado mundial de exportação de vinhos aumentar para quase 30% no ano passado, contra a média de 23,3% registrada no período entre 2001 e 2005.

 

Castellucci disse que a Itália continua sendo o maior exportador de vinhos do mundo, em volume, mas a França mantém o título de maior exportador em termos de valor.
Outro foco de crescimento no mundo dos vinhos é o Brasil, que agora possui cerca de 100.000 hectares de vinhedos, contra 79.000 hectares em 2005, informou a IOVW . Mas o país ainda está atrás da Argentina, com 225.000 hectares, e do Chile, com 198.000 hectares.

 

Diante desse novo cenário, os parisienses e turistas continuarão consumindo vinhos nos bares da capital francesa nesta primavera europeia?
Castellucci, cuja família produz vinhos na região de Marches, na Itália, há três gerações, continua com perspectivas positivas. "Estou otimista, especialmente em relação ao vinhos de qualidades média e média-alta que tiverem uma boa relação preço/qualidade", afirmou.
 


Veículo: Gazeta Mercantil


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