A Companhia de Bebidas das Américas (AmBev), detentora das marcas de cerveja Brahma, Antarctica e Skol, informou ontem ao governador Aécio Neves que dentro de 30 dias vai inaugurar a fábrica na cidade de Sete Lagoas, a 70 quilômetros ao norte da capital mineira. Segundo o co-presidente do Conselho de Administração da empresa, Victório de Marchi, foram investidos R$260 milhões na unidade industrial, que vai produzir 4 milhões de hectolitros da bebida por ano.
Durante a audiência no Palácio da Liberdade o dirigente informou que a partir do próximo ano, serão investidos mais R$110 milhões em obras de ampliação que se estenderão por 36 meses. "A crise financeira internacional atingiu apenas alguns setores aqui no Brasil. O setor de bebidas não foi alcançado e caso persista o crescimento da demanda apresentado no primeiro trimestre, abriremos novas unidades", disse.
A fábrica já iniciou o recrutamento de seus 360 empregados que irão trabalhar na produção de bebidas e as vagas, que serão acrescidas de cerca de 1.200 empregos indiretos, aparecem em um momento importante, pois a cidade viu sua indústria de ferro gusa praticamente desaparecer com o fim das exportações brasileiras de produtos siderúrgicos. Mas os empregos quase foram transferidos para outro município, pois as obras da fábrica chegaram a ser embargadas por ambientalistas inconformados com a abate de pequizeiros existentes na área e que foram derrubados para dar lugar aos galpões da AmBev.
Essa árvore produz o pequi, que é um fruto de cheiro e sabor repugnantes para muitos, mas que é igualmente apreciado pelos moradores do norte de Minas por conta de seus supostos sabores medicinais. Os deputados da região conseguiram a aprovação de uma lei estadual que considera a árvore como patrimônio cultural dos mineiros e, por conta disso, o seu abate foi proibido. As obras somente prosseguiram em decorrência de nova lei estadual que determina o plantio de 25 árvores por conta de cada um dos 136 pequizeiros abatidos. A empresa cumpriu a exigência.
A AmBev possui outras duas fábricas em Minas, em Juatuba e Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Há uma terceira unidade, desativada, em Pirapora, no noroeste de Minas, construída, há três décadas, se beneficiando de incentivos fiscais. Segundo De Marchi, a unidade se encontra muito distante dos centros consumidores e não há planos para reativação.
Veículo: Gazeta Mercantil