Pitú chega a novos mercados e prevê exportar 15% mais

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A Pitú, marca que já é sinônimo de cachaça em Pernambuco e que lidera as vendas no Nordeste com 48% do mercado, ficando em segundo lugar no Brasil com 14,7% de participação, já exporta para a Europa há 39 anos onde é tão conhecida quanto a caipirinha. Por meio de uma parceria com a distribuidora alemã Underberg, que engarrafa a cachaça produzida em Vitória de Santo Antão, distante 50 quilômetros do Recife, a Pitú chega aos países da Comunidade Européia, além de outros 16 atendidos diretamente pela indústria. Somando-se à distribuição a partir dos Estados Unidos, a cachaça pernambucana já é vendida em 50 países. As exportações partem dos portos de Suape, em Pernambuco, e de Santos, em São Paulo.

 

No ano passado, foram produzidos 86 milhões de litros dos quais 2,4 milhões foram exportados, acondicionados em 196 mil caixas de 12 unidades. A Alemanha ficou com 60% do total, assumindo o topo do ranking de clientes internacionais. O segundo mercado europeu foi a Áustria, seguido de Portugal. Fora da Europa, os Estado Unidos ficaram em segundo lugar, em 2008, com a aquisição de 15 mil caixas.

 

A diretora de Relações Externas da Pitú, Maria das Vitórias Cavalcanti, afirma que a crise econômica mundial não atingiu as exportações, apesar da queda do dólar ter reduzido a margem de lucro e do aumento dos custos de logística, e prevê um crescimento de 15% nas vendas internacionais em relação a 2008, meta até superior aos 10% estimados no ano passado, quando não se falava em crise.

 

"Estamos abrindo novos mercados este ano como os Emirados Árabes, Israel, Peru, Panamá e El Salvador" informa, apontando ainda a Guiana Francesa, o Chile, a Austrália, o Canadá e Angola -que este ano ganharam um promotor e um vendedor exclusivos - como outros mercados emergentes e em expansão.

 

As lojas Dufry no Brasil, em seis aeroportos nacionais, e em 40 Duty Free na Europa, abastecidas pela Underberg, formam o terceiro mercado consumidor da Pitú. "A cachaça é o terceiro destilado mais consumido no mundo. Fica atrás apenas da Vodca, o primeiro, e do Soju, o segundo, consumido basicamente na Ásia", afirma Maria das Vitórias.

 

No universo da Pitú que, segundo a diretora, responde por 37% das exportações de cachaça do Brasil, as vendas externas sofreram queda apenas em 2007, em função do alto volume de 2,2 milhões de litros adquirido pelos alemães no ano anterior - quase o total de 2,5 milhões de litros exportados.

 

Em 2008, eles retomaram às compras contribuindo significativamente para um aumento de 215% sobre 2007, nas exportações. Enquanto as vendas no mercado nacional cresceram 5,65% no mesmo período. Sem revelar os investimentos direcionados para as vendas internacionais, Maria das Vitórias diz que a Pitú continua apostando na promoção da cachaça no exterior com ações em torno do barman e com embalagem especial, mas não descuida da fábrica.

 

Este ano, o parque de tancagem de aço inox deverá ser ampliado de 15 mil litros para 21 mil litros e a empresa passará a aplicar mais recursos na gestão ambiental com a implantação de uma central de tratamento de resíduos e de bacias de contenção.

 

Falta reconhecimento

 

Vice-presidente do Instituto Brasileiro de Cachaça (Ibrac), Maria das Vitórias diz que, embora ultrapasse as fronteiras, a cachaça ainda enfrenta batalhas jurídicas para ser reconhecida no exterior como uma bebida produzida exclusivamente pelo Brasil, como declara o decreto presidencial assinado por Fernando Henrique Cardoso, em 2001, e como uma aguardente de cana típica do Brasil no decreto 4851/03, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva dois anos depois.

 

Nos Estados Unidos a bebida continua classificada como rum (brazilian rum) e o Ibrac está investindo US$ 100 mil na contratação do escritório Gray Robinson, de Washington, para acompanhar o processo de adequação do decreto brasileiro que está em análise pelo Trade Tabaco Bureau (ITB), vinculado ao governo americano. A resposta é aguardada para o próximo mês de julho.

 

"Temos muitos valores a agregar à cachaça como a cultura do carnaval e da música brasileira. Ganharemos em competitividade porque hoje o termo rum enfraquece o produto brasileiro. E se os EUA reconhecerem a cachaça como bebida típica do Brasil, ficará muito mais fácil para o reconhecimento internacional", afirma. Outra grande vantagem do reconhecimento da tipicidade é que os outros países ficarão impedidos de dar o nome de cachaça a outra bebida fabricada com cana-de-açúcar. "Hoje até a Argentina tem cachaça sem produzir um pé de cana", diz Maria das Vitórias.

 

O Ibrac vem tentando também atender às exigências da Comunidade Européia de que o decreto brasileiro seja adaptado à sua legislação, com uma regulamentação que determine o uso da cachaça, especificando o controle e as características físico-químicas, sensoriais, mercadológicas e culturais do produto. A regulamentação, segundo ela, está sendo preparada pelo escritório Bhering Associados, do Rio de Janeiro, para a Câmara Setorial da Cachaça que reúne os ministérios da Agricultura, das Relações Exteriores, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e o da Ciência e Tecnologia.

 

"Esperamos que tudo possa ser feito ainda este ano e a regulamentação seja assinada pelo presidente Lula". No caso do Mercosul, Argentina e Paraguai não aceitam a internalização do decreto brasileiro sobre a padronização e classificação de bebidas alcoólicas porque produzem a "caña", a concorrente da cachaça brasileira.(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Etiene Ramos)

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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