Carolina Mandl, de Petrolina (PE)
A Coca-Cola Guararapes, engarrafadora da The Coca-Cola Company, de Atlanta (EUA), está quintuplicando a produção de refrigerantes da unidade de Petrolina (PE) para 90 milhões de litros por ano com a instalação de uma linha de garrafas PET. O objetivo do investimento de R$ 12 milhões é ampliar a presença do refrigerante no sertão de Pernambuco e da Bahia.
Até a semana passada, a fábrica do interior pernambucano produzia apenas bebidas na embalagem de vidro, cujos preços mais baixos se encaixavam melhor no bolso sertanejo. Por isso, para chegar a Petrolina, as garrafas PET tinham de sair do litoral pernambucano, onde a Guararapes tem outras duas fábricas, e percorrer mais de 700 km de caminhão. É uma estratégia seguida em todo o Nordeste: antes da inauguração no sertão pernambucano, o mais distante do litoral que a produção de Coca-Cola PET chegava no Nordeste era em Arapiraca (AL), a 130 km de Maceió. Agora, com a produção local, a meta da Coca-Cola é ampliar o raio de atuação nos sertões da Bahia e de Pernambuco, principalmente na região do Vale do rio São Francisco.
De acordo com Luís Delfim, presidente da engarrafadora, foi o crescimento do consumo na região Nordeste como um todo que levou a Guararapes a deslocar a produção de embalagens PET para o interior, onde elas já representam 65% das vendas.
A capacidade de produção ociosa no litoral, deixada pela expansão em Petrolina, será tomada pelo crescimento em outras áreas dos três Estados atendidos pela empresa: Pernambuco, Paraíba e parte da Bahia. Hoje, a capacidade de produção das unidades da Guararapes em João Pessoa, Jaboatão dos Guararapes (PE), Cabo de Santo Agostinho (PE) e Petrolina soma 650 milhões de litros por ano.
Nos últimos seis anos, as vendas da companhia aumentaram cerca de 12% ao ano, superando até mesmo a alta da renda na região Nordeste. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio mensal nordestino cresceu 20,5% de 2004 a 2007, acima da média nacional de 16,8%.
Neste ano, em meio à crise econômica, a expansão tem sido mais modesta. Delfim afirma que as vendas cresceram 5% de janeiro a maio deste ano ante igual período de 2008. A expectativa da Guararapes é de manutenção desse ritmo até o fim do ano. No Brasil, a Coca-Cola anunciou que suas engarrafadoras venderam 4% mais no primeiro trimestre do ano.
Para conseguir crescer, o esforço da Guararapes é ampliar o consumo nas camadas da população de menor poder aquisitivo, como os sertanejos. Para isso, a empresa começou a adotar no ano passado um sistema de vendas porta a porta. Uma kombi percorre as ruas oferecendo a R$ 1,89 o litro de Coca-Cola de vidro.
Antes restrito aos bairros mais pobres do Recife, o método chega agora às cidades do interior de Petrolina, no sertão, e a Garanhuns e Caruaru, no agreste. Panfletos distribuídos nos municípios vão anunciar os dias, locais e horários da passagem da kombi.
A repórter viajou a convite da Coca-Cola Guararapes
Veículo: Valor Econômico