Bebidas: Demanda cresce e Miolo, Salton e Dal Pizzo, entre outras, investem nas embalagens pequenas
Estimuladas pelo aumento do consumo individual em restaurantes, festas, eventos corporativos, hotéis, lojas de conveniência e agora até no grande varejo, vinícolas brasileiras ampliam a oferta de vinhos e espumantes em garrafas pequenas, de 375 e 187 mililitros.
Na avaliação das empresas, as garrafinhas têm algumas vantagens sobre as embalagens tradicionais de 750 ml, como a praticidade, o preço e o charme que seduz, principalmente, consumidores jovens nas casas noturnas.
As opções de marcas são variadas. Algumas já trabalham com as garrafas pequenas há vários anos, como Miolo, Chandon e Valduga. Outras aderiram mais recentemente, entre elas Salton e Dal Pizzol. Embora a participação do segmento sobre as vendas totais ainda seja relativamente modesta, as empresas apostam no lançamento de novos produtos nesses formatos, aproveitando também a necessidade de investimentos pequenos no ajuste das linhas de produção.
Com 15 anos de experiência no segmento, a Miolo oferece 12 varietais e dois espumantes em garrafas de 375 mililitros, as chamadas "meia garrafas". Os preços são, proporcionalmente, 10% maiores dos que as embalagens de 750 mililitros devido aos custos fixos, mas em 2008 a empresa vendeu 56,2 mil caixas dessas linhas, o equivalente a 7% dos volumes totais, considerando o número de caixas, disse o diretor nacional de vendas, Márcio Bonilha. Segundo ele, as pequenas garrafas devem seguir o crescimento global de vendas de 10% estimado para 2009 e de 15% para 2010, mas a expectativa é de um desempenho superior nos próximos anos.
Para Bonilha, as embalagens "simplificam" o consumo e a Miolo estuda o lançamento de novos varietais e espumantes nessa linha, assim como a introdução do formato de 187 ml.
No fim de 2008, em pesquisa nas praças de Porto Alegre, São Paulo e Recife, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) identificou que as garrafinhas são pouco conhecidas. Mesmo assim, mostrou que elas são "ideais" para quem consome "pouco ou sozinho".
A Salton tem dois varietais tintos e um espumante em garrafas de 375 ml desde 2003 e no ano passado aderiu aos 187 ml, agora com dois espumantes e um vinho tinto, disse o presidente da vinícola, Daniel Salton. "Para os espumantes o mercado é maior, em momentos como eventos e festas noturnas", afirmou o empresário, que em abril assumiu a presidência da vinícola após a morte do primo Ângelo Salton Neto.
Em 2008, a empresa vendeu 160 mil garrafas do espumante de 375 ml, mais do que as 130 mil unidades dos dois varietais tintos juntos. A fatia sobre as vendas totais da empresa está na faixa de 5% em número de garrafas, mas deve dar um pulo com a consolidação do formato de 187 ml, diz Salton.
Só o espumante moscatel deve vender 300 mil garrafinhas em 2009, ante 54 mil em 2008, prevê o empresário. A comercialização do prosecco é estimada em 300 mil unidades e a do vinho cabernet sauvignon, entre 60 mil e 70 mil. Na linha de 375 ml, a previsão alcança 220 mil garrafas para o espumante brut e até 200 mil para os tintos cabernet e merlot, sem contar os vinhos frisantes que também passarão a ser envasados em meia garrafa até o fim do ano.
"A venda das garrafas de 187 ml é mais corporativa, mais pontual, mas em volumes maiores", diz Salton. Maior produtora de espumantes do país, ela prevê altas gerais de 15% nas vendas do produto neste ano sobre os 3,5 milhões de litros de 2008 e de 10% em relação aos 2 milhões de litros de vinhos comercializados no período.
A Dal Pizzol estreou no segmento de 375 ml há dois anos com vinhos merlot e cabernet sauvignon e em abril lançou um espumante brut e dois vinhos brancos, um chardonnay e um riesling. Segundo o enólogo da empresa Dirceu Scottá, a expectativa de venda alcança 20 mil garrafas de espumantes no primeiro ano, ante um volume médio anual de 65 mil unidades no formato de 750 ml.
Para os vinhos brancos, a projeção da Dal Pizzol é de 10 mil garrafas nos 12 primeiros meses, o equivalente a quase 17% do volume anual, em unidades, desses varietais, disse Scottá. "O mercado pede e a empresa precisa ter versatilidade para atender à demanda", disse. De acordo com ele, a vinícola vende as "meias garrafas" a apenas 54% do preço das embalagens tradicionais no varejo próprio.
Veículo: Valor Econômico