Um grupo formado por 30 pequenas e médias indústrias regionais de refrigerantes lança, ainda neste semestre, garrafas retornáveis de 290 mililitros. As embalagens, com o mesmo desenho, foram compradas em cooperativa, e serão utilizadas por todas as empresas. A iniciativa foi a forma encontrada pela Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras) para concorrer com a Coca Cola e a Ambev. As grandes detêm 66,9% do volume de vendas no mercado nacional e cerca de 90% do faturamento do setor, segundo estimativas de maio deste ano da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir).
O próximo passo da Afrebras é lançar um refrigerante único, com sabor e nome comuns. Essa ação ainda não tem data de implantação porque cada indústria regional teria de abrir mão de seu produto para fabricá-lo.
Com a garrafa única, os pequenos e médios podem colocar no mercado produtos entre 20% e 30% mais em conta que os da Coca Cola e da Ambev – ou seja, os preços dos refrigerantes regionais ficariam cerca de R$ 0,50 menores.
De acordo com o presidente da Afrebras, Fernando Rodrigues de Bairros, nos planos de ação da chamada "garrafa sustentável" constam ainda o lançamento de vasilhames retornáveis de um litro e de 200 ml. Com os três tamanhos, as indústrias de pequeno porte terão condições de brigar por um mercado de aproximadamente 2 bilhões de litros ao ano.
A estimativa de crescimento nas vendas está baseada, principalmente, na comercialização em bares e restaurantes, em que os produtos dessas empresas não entram hoje por não possuírem garrafas com volumes menores ou retornáveis. "Esperamos ganhar pelo menos 1% de participação do mercado total de refrigerantes no próximo ano e em 2011", disse Bairros. As regionais detêm hoje 22,3% do mercado. A intenção da Afrebras é conseguir a adesão, até 2010, de pelo menos outras 70 empresas das 130 associadas à entidade.
As garrafas serão produzidas pela indústria francesa Saint Gobain, fornecedora da Coca-Cola. Pelo acordo, serão fabricadas 20 milhões de unidades no próximo ano e outras 20 milhões no próximo. O custo unitário será de R$ 0,20, menos da metade do preço das embalagens adquiridas isoladamente. Somente a criação de um novo modelo de garrafa exclusivo custaria cerca de
R$ 300 mil para cada empresa. A Caixa Econômica Federal (CEF) criou uma linha de crédito para esses fabricantes, de cerca de R$ 20 milhões, para a aquisição dos vasilhames.
A ideia de fabricar garrafas padronizadas para as pequenas indústrias de refrigerantes existia há pelo menos dez anos. Nos últimos 15 meses, o projeto ganhou corpo e foi concretizado , depois de vários negociações entre as empresas participantes e entre elas e a indústria Saint Gobain.
Veículo: Diário do Comércio - SP