Seis anos depois de ser criada, a microcervejaria Bierland, de Blumenau (SC), decidiu iniciar a produção de cervejas. Há dois meses, a Opa Bier, de Joinville (SC), três anos após sua fundação, fez o mesmo. As pequenas empresas, que até então só fabricavam chope e tinham suas vendas concentradas em Santa Catarina, seguem a tendência já em curso neste setor e com o novo produto começam a desbravar outros Estados, em busca dos apreciadores de cervejas premium.
A Bierland investiu R$ 700 mil para entrar nesse tipo de produção. Parte dos recursos foi financiada. A intenção é chegar com o novo produto aos três Estados do sul do país, além de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A Opa Bier não revela o investimento, mas fechou parcerias para atuar no sul do país e espera em novembro fechar também com um parceiro sua entrada em São Paulo.
"O mercado de cervejas artesanais cresce de forma gradativa. Não é um produto de grande volume de consumo, mas hoje já existe uma cultura de 'cerveja gourmet', com as pessoas discutindo aroma e sabor, como ocorre com os vinhos", diz Luiz Alexandre de Oliveira, sócio da Opa Bier.
Eduardo Krueger, sócio da Bierland, que passou dois anos estudando a entrada no ramo de cervejas, concorda. Não à toa algumas microcervejarias como Baden Baden e Eisenbahn foram compradas em 2007 e em 2008, respectivamente, pela Schincariol, de olho no potencial deste segmento.
O investimento na produção de cerveja representa o passo mais importante desde que essas microcervejarias foram criadas pela nova dimensão que o negócio poderá tomar. Com prazo de validade de seis meses, a cerveja permite um raio de ação para distribuição maior do que o chope, cuja validade é de até 10 dias.
A intenção é com a cerveja projetar a marca Bierland (os produtos têm o mesmo nome da empresa) no mercado nacional, explica Krueger. Oliveira, da Opa Bier, já faz planos para uma nova unidade da fabricação para dar conta da demanda que espera ser criada.
A nova investida da Bierland chega ao mercado nos próximos dias, com três tipos: trigo, pilsen e escura, todas no tamanho 600 ml. A concorrência se dará com produtos como Bohemia Confraria, Devassa, Baden Baden e importadas alemãs e belgas. A distribuição da Bierland nos mercados-alvo focará inicialmente restaurantes e casas especializadas em oferecer cervejas premium, mas Krueger diz que a intenção é seguir o caminho antes trilhado pela Eisenbahn. A Eisenbahn, quando começou a desbravar o mercado paulista, fechou parceria com uma rede de grande porte, o Pão de Açúcar. "Estamos em negociações com parceiros deste tipo", explica.
A Opa Bier, que começou a produção e venda de cervejas em julho, investiu em embalagens long neck e em 600 ml descartáveis. São cinco variedades de cervejas: pilsen, pale ale, porter (escura), trigo e sem álcool.
A Bierland não revela qual será o volume de produção de cerveja, mas no primeiro ano a meta é incrementar em 50% o seu faturamento total. A capacidade total de produção da empresa é de 70 mil litros/mês (para chope e cerveja). A Opa Bier tem capacidade para 190 mil litros/mês (chope e cerveja) e não revela valores de faturamento.
A opção da Bierland e da Opa Bier em produzirem cerveja em breve poderá ser seguida por outras microcervejarias de SC como Das Bier e Schornstein, que possuem projetos nessa área.
Em 2003, a Bierland iniciou a produção com apenas 20 mil litros/mês. Hoje, tem três sócios, um moinho para triturar o malte e 16 pessoas. A Opa Bier, criada em 2006, tem 36 funcionários.
Veículo: Valor Econômico