Femsa pode vender divisão de cerveja, que inclui a Kaiser

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A Femsa, uma das maiores empresas de bebidas da América Latina, negocia a fusão de suas operações de cerveja com um concorrente maior, num acordo que pode chegar a US$ 9 bilhões e daria continuidade à onda mundial de consolidação de cervejarias, disse uma pessoa a par da questão.

 

A Fomento Económico Mexicano SAB, seu nome oficial, se reuniu com cervejarias como SABMiller PLC e Heineken NV, disseram as pessoas. Ela vem sendo assessorada pela NM Rothschild & Sons Ltd. As negociações se tornaram mais sérias e formais recentemente, disseram as pessoas, que acrescentaram que não há um acordo iminente.

 

A Femsa, cuja história remonta a uma cervejaria fundada em Monterrey, México, em 1890, é formada por três divisões - refrigerantes, cerveja e varejo. A divisão de cerveja produz e distribui marcas como Tecate, Sol e Dos Equis, e tem receita anual de uns US$ 4 bilhões. Controlada por famílias mexicanas, a empresa é encabeçada pelo presidente José Antonio Fernández.

 

Uma onda de consolidação do mercado mundial de cervejas, que culminou na aquisição da Anheuser-Busch Cos., americana fabricante da Budweiser, pela cervejaria belgo-brasileira InBev NV por US$ 52 bilhões, em novembro de 2008, pressionou cervejarias menores a buscarem sócios mais musculosos. A Femsa controla pouco mais da metade do mercado mexicano de bebida, logo atrás da Grupo Modelo SA, dona do restante.

 

A aquisição da divisão de cervejas da Femsa daria à SABMiller ou à Heineken uma boa fatia do mercado mexicano de cerveja, um dos mais lucrativos do mundo. O acordo também criaria um concorrente para a A-B InBev NV no Brasil, mercado que sua subsidiária AmBev controla com marcas como Brahma e Skol.

 

A Femsa já "passou da fase de estudar o negócio", disse uma pessoa a par da questão. "Acho que eles querem fazer isso já".
Uma porta-voz da Femsa não quis comentar, assim como porta-vozes da SABMiller e da Heineken.

 

Comprar a Femsa também cria oportunidades de crescimento nos Estados Unidos, onde as marcas Tecate e Dos Equis têm se expandido bem, e em quase 50 outros mercados para onde a Femsa exporta cerveja. A Heineken é a importadora exclusiva das marcas da Femsa nos EUA, com um acordo de longo prazo. A empresa holandesa construiu um bom relacionamento com a Femsa através da expansão das vendas com campanhas publicitárias bem-sucedidas para a marcas Dos Equis, como a focada num viajado bebedor da marca que é apelidado de "o homem mais interessante do mundo".

 

A divisão Coca-Cola Femsa, por sua vez, é a maior engarrafadora da Coca na América Latina e a segunda maior do mundo, se analisado o volume de vendas. A Coca-Cola Co. tem 31,6% da engarrafadora, enquanto outros 14,7% flutuam no mercado. A Femsa também engarrafa Coca-Cola e distribui os sucos Del Valle no Brasil. No segmento de cervejas, sua principal marca no país é a Kaiser, mas ela também distribui a Heineken.

 

Em meio à acirrada concorrência com a Modelo, a divisão de cerveja da Femsa tem tido desempenho pior que o das outras divisões, segundo o analista do J.P. Morgan Chase, Alan Alanis. A Femsa perdeu mercado no México e no Brasil no primeiro trimestre, com declínio de 6% e 8% no volume de vendas, respectivamente. Embora as vendas tenham subido 7%, o fluxo de caixa, se medido com base no lucro Lajida, subiu apenas 3%.
"As operações de cerveja não acompanharam as dos concorrentes ou o desempenho de outras divisões da Femsa, mais uma vez", afirmou Alanis num relatório de pesquisa em 28 de julho.

 

Várias possibilidades de estruturar o acordo estão em discussão, disse uma das pessoas. É improvável que o acordo seja estruturado com uma aquisição em dinheiro da divisão de cervejas, disse a pessoa, indicando que é mais provável uma fusão dela com um concorrente maior.

 

Antes de o acordo ser fechado, será necessário vencer vários obstáculos significativos de regulamentação e em outras áreas. Em seu site, a Femsa elogia os benefícios da presente integração das três divisões, alguns dos quais seriam eliminados com o desmembramento da divisão de cerveja.

 

A ADR da Femsa subiu 16,7% ontem na Bolsa de Nova York, para US$ 44,40. Ela já subiu 47% este ano, o que dá à empresa um valor de mercado de cerca de US$ 15,89 bilhões. (Colaborou David Kesmodel
 

 

Veículo: Valor Econômico


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