Bebidas: Nova garrafa de vidro das duas empresas é retornável e será compartilhada por cervejarias
No começo, muita gente torceu o nariz. "Vai esquentar", diziam uns. "Não cabe na geladeira", ponderavam outros. Mas o fato é que a cerveja em litro veio para ficar e já atrai dois novos adeptos: a Schincariol e a Petrópolis, segunda e terceira maiores cervejarias do país, respectivamente.
Desde o ano passado, quando a AmBev lançou seu primeiro "litrão", o mercado dessa nova embalagem vem crescendo. De janeiro a agosto de 2008, foram vendidos 4,18 milhões de litros da bebida nesse casco. Nos oito primeiros meses deste ano, o total chega a 77,79 milhões de unidades, segundo a Nielsen.
Mas diferente da cervejaria líder de mercado, as garrafas da Nova Schin Litrão e Itaipava em litro não terão nenhum tipo de inscrição em relevo. "É uma embalagem democrática, que poderá ser usada por qualquer cervejaria, como acontece com as garrafas de 600 ml", diz Johnny Chi We Wei, vice-presidente comercial do grupo Schincariol. Hoje, as garrafas de 600 ml usadas são recolhidas pelas cervejarias, independente do rótulo que tenham. No processo de engarrafamento, elas são lavadas e aí recebem a marca da empresa.
Para estender essa prática ao litrão, tanto Schincariol quanto Petrópolis adotaram o desenho proposto pela Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), em agosto. A Femsa, dona das marcas Sol e Kaiser, continua estudando a possibilidade de lançar sua garrafa de 1000 ml. Mas já afirmou que, se isso acontecer, irá aderir ao modelo que pode ser compartilhado.
As novas garrafas da Schin já estão chegando ao mercado. A empresa, segundo o diretor de marketing Luiz Cláudio Taya de Araújo, vai vender a nova embalagem tanto no chamado mercado frio (bares, lanchonetes e padarias) quanto no quente (supermercados). "A princípio, a devolução da embalagem vazia acontecerá só nos pequenos varejos, uma vez que os supermercados ainda não aceitam essa troca", afirma ele. Para a Schincariol, que tem 12,1% das vendas (Nielsen, agosto), a garrafa de um litro é uma boa chance de fortalecer a presença da marca no canal autosserviço, o único que vêm registrando alta nas vendas de cerveja em 2009. A cervejaria, inicialmente, vai engarrafar de 2% a 3% de sua produção no vasilhame de 1 litro e não revela o quanto investiu nas novas garrafas, em seu lançamento e na estrutura de vendas do produto (geladeiras, engradados, protetores térmicos, etc...).
Já a Petrópolis, que tem 9,9% das vendas, vê a possibilidade de ganhar a segunda posição no ranking com seu litro. A companhia investiu cerca de R$ 2 milhões no lançamento e mais R$ 2 milhões no patrocínio que comprou da equipe de Fórmula 1 Brawn GP para durante o Grande Prêmio do Brasil, no dia 18. "Temos uma boa participação de vendas nos supermercados e com essa garrafa podemos crescer ainda mais", diz Douglas Costa, gerente de marketing da cervejaria. A expectativa é chegar, nos próximos meses, a uma participação que ficaria entre 10,2% e 10,3% do mercado. "Conforme a resposta do consumidor, aumentaremos essa participação na nossa produção", diz ele. A Petrópolis, que lançou seu litro no Rio de Janeiro esta semana e espera atingir outros estados em 20 dias, está engarrafando de 3% a 4% do que produz com o novo litro.
Veículo: Valor Econômico