A Ypióca, maior produtora de aguardente do mundo, inaugura nova unidade industrial no Município de Jaguaruana, no Ceará, e marca sua entrada no setor de etanol. Com um investimento da ordem de R$ 80 milhões, a empresa se tornará a primeira grande produtora de álcool do estado. A previsão é a de que a nova unidade aumente em 20% o faturamento anual do grupo, que em 2008 foi de R$ 300 milhões.
A planta, inaugurada na última sexta-feira com a presença do governador do Estado do Ceará, Cid Gomes, inicia a produção com 100 mil toneladas de cana-de-açúcar nesta safra, volume suficiente para produzir 8 milhões de litros de álcool ainda em 2009. Os planos do grupo são de dobrar a produção em 2010 e, dentro de quatro anos, atingir toda a capacidade de produção instalada, gerando um volume anual de 50 milhões de litros de álcool.
A fábrica de Ceará Mirim, localizada no Rio Grande do Norte, também está apta a produzir mais 20 milhões de litros de álcool por ano, com isso a produção total da empresa crescerá para 70 milhões de litros - quase metade da necessidade de abastecimento do estado. "O Ceará importa 152 milhões de litros de álcool por ano. Com a nova unidade e a planta de Ceará-Mirim vamos responder por quase 50% do mercado de álcool no Estado e o Ceará pode, no futuro, deixar de ser um importador e passara exportar", afirmou Everardo Telles, presidente da Ypióca, sem esconder planos auspiciosos da empresa. A companhia já está trabalhando com algumas distribuidoras, entre elas as redes ALE e a Sobral Palácio Petróleo (SP). O álcool vendido no Ceará é hoje um dos mais caros do Brasil, com preços que variam de R$ 1,75 a R$ 1,80 o litro.
Com 100 mil metros quadrados, a área industrial tem flexibilidade para produzir etanol, álcool neutro e álcool anidro, além da cachaça. "Essa é a fábrica mais moderna do mundo entre aquelas que permitem a produção de todos os derivados da cana. Isso nos dá segurança e condições para migrar de um segmento ao outro conforme as necessidades da empresa e a demanda do mercado", disse Telles. O presidente da empresa reforça que a Ypióca é uma empresa que gosta de reinvestir seus recursos e aposta na diversificação para se equilibrar nos período de crise.
Na avaliação do executivo, hoje ninguém está lucrando com a produção de álcool no Brasil, no entanto, o futuro é promissor com a retomada dos preços do petróleo e a abertura de mercados importantes como Estados Unidos e Japão. "Estamos aplicando nossa expertise em investimentos para acompanhar a evolução desse mercado", disse.
A área total da propriedade tem 6 mil hectares, sendo que inicialmente apenas 1 mil hectares estão sendo utilizados para o plantio de cana, devendo dobrar no próximo ano e atingir a área total em quatro safras. A empresa hoje possui, no total, cerca de 10 mil hectares de cana plantada e está realizando novos investimentos nessa direção. As ampliações são feitas anualmente e nas diversas unidades. Atualmente, além de Jaguaruana, a lavoura que atende a fábrica de Ceará-Mirim está sendo ampliada de 1,5 mil hectares para 3,5 mil hectares.
Além da área própria para o plantio, a companhia conta ainda com diversos fornecedores de todo o estado que, juntos, formam uma área equivalente a 10 mil hectares. Segundo estimativas da própria empresa, cada indústria Ypióca reflete em até seis municípios. A nova usina, que demorou cerca de três anos para ser construída, agrega 360 empregos diretos a um universo de 3,2 mil funcionários.
Para a instalação da planta também foi necessário investir em infraestrutura. A empresa está levando 22 quilômetros de energia e mais sete de uma rede de água. "O cultivo aqui na região é todo baseado na agricultura irrigada. Já investimos R$ 10 milhões na captação de água", revelou José Paulo dos Santos, gerente de engenharia da Ypióca.
Santos aposta no retorno do investimento e no potencial do mercado. "Com a quebra de safra na Índia, grandes usinas estão dirigindo a produção para o açúcar. O momento é bom para quem tem que produzir álcool", disse. Ele também salientou o fato de que as grandes companhias do setor estão nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País e a produção de Pernambuco e Alagoas não é suficiente para atender o nordeste inteiro.
Aline Telles, diretora de Marketing da Ypióca, destaca o planejamento de longo prazo na estratégia da empresa. "O setor estava vivendo uma crise quando começamos o projeto, mas agora estamos entrando no momento que o mercado sinaliza um aumento nos preços", avaliou.
Veículo: DCI