A JBS-Friboi deu ontem novos passos para consolidar sua expansão, que deve continuar em 2010. A companhia informou que, a partir de hoje, as ações da Pilgrim's Pride Corporation voltarão a ser negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), depois de terem ficado quase 13 meses sem listagem, enquanto a empresa cuidava de seu plano de recuperação judicial, cujo final foi anunciado na segunda-feira.
Também ontem, os acionistas da JBS aprovaram em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) a emissão de até dois milhões de debêntures conversíveis em certificados de depósitos de ações da JBS USA Holding, a subsidiária norte-americana da companhia.
A operação tem a finalidade de capitalizar a JBS USA para a compra de 64% da Pilgrim's, além de reforçar o caixa da empresa para a implementação de planos de investimento e projetos de expansão, assim como viabilizar a conclusão do projeto de integração com a Bertin.
Na última quarta-feira, a JBS informou que a BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aprovou investimento de até US$ 2 bilhões na emissão de debêntures.
As debêntures terão o valor nominal unitário de R$ 1.739,80, perfazendo o montante total de até R$ 3,479 bilhões. O prazo de vencimento dos papéis será de 60 anos.
A partir de hoje e até o dia 29 de janeiro de 2010, os acionistas poderão exercer o direito de preferência para a subscrição das debêntures.
Segundo Maria Gabriela Tonini, analista da Scot Consultoria, a JBS deve ter planos ambiciosos para 2010 e o leque de possibilidades da companhia é muito grande: "Tudo é possível, uma vez que a JBS é uma das maiores do mundo no setor de proteína animal. A China é um grande mercado consumidor. A fusão com a Bertin já surpreendeu."
Outra possibilidade, além de adquirir ou unir-se a outra grande empresa, como a Marfrig, seria comprar frigoríficos desativados. "É viável, já que estes têm estrutura montada. Só dependeria de encaixe de localização, se a JBS atende a praça", conclui Tonini.
Ao longo de 2009, a JBS-Friboi investiu aproximadamente US$ 3 bilhões na incorporação da texana Pilgrim's Pride, na associação à Bertin e na compra recente da australiana Tatiara Meat Company (TMC).
A projeção da JBS na Rússia também é promissora. A tonelada da carne vendida em torno de US$ 3,3 mil pode ter reajustes à medida que o dólar se deprecia globalmente. Antes da crise, a tonelada era negociada a US$ 4 mil.
A aquisição da TMC, negociada por meio da subsidiária Swift Australia, foi fechada por US$ 27,5 milhões.
Com isso, a australiana se tornou a maior processadora de carne ovina do país, com capacidade de abate de 24,5 mil cabeças por dia.
Além de atuar no mercado doméstico da Austrália, a TMC tem foco nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, com faturamento anual de 200 milhões de dólares australianos ou US$ 183 milhões.
O presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Costa Guedes, considera a expansão da JBS no mercado internacional benéfica à imagem da pecuária brasileira no exterior.
A Bertin, fabricante e exportadora de produtos de origem animal, como carne bovina in natura e processada, lácteos, couros e produtos para animais de estimação, com receita bruta de R$ 2,115 bilhões no terceiro trimestre de 2009, atingiu alta de 9% sobre o mesmo período de 2008. A sociedade é uma holding, na qual a estimativa dos valores de capital próprio (equity value) da Bertin e da JBS deve estar na proporção aproximada de 40%-60%.
No terceiro trimestre deste ano, a JBS registrou queda de 78% de lucro, computado em R$ 151,5 milhões, valor abaixo do resultado positivo de R$ 694 milhões registrado no mesmo período do ano anterior.
De acordo com a empresa, apesar dos ganhos de produtividade nas operações internacionais, o impacto da crise em importantes mercados consumidores levou a uma contração das margens, mas as perspectivas são otimistas para o futuro.
A JBS-Friboi possui atualmente uma capacidade total diária de abate de 73,9 mil cabeças de bovino e opera 65 unidades industriais.
Veículo: DCI