Quatro unidades frigoríficas, duas da JBS S.A. e outras duas do Grupo Bertin, poderão ser as próximas a receber habilitações para exportar carne bovina in natura para a China.
Entre os dias 13 e 22 deste mês estarão no Brasil representantes da Administração Geral de Superintendência de Qualidade, Inspeção e Quarentena da República Popular da China - órgão equivalente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O grupo fará inspeções nas plantas da JBS, uma localizada no interior de São Paulo e outra no Mato Grosso, além das outras do Bertin, sendo que uma unidade também é paulista e a segunda está em Goiás. As informações partem da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Em março deste ano, três unidades de frigoríficos brasileiros já haviam obtido o sinal verde para exportar ao país. No dia 17 daquele mês, foram concedidas autorizações para uma unidade do Grupo Marfrig, em Promissão; outra do Minerva S.A., em Barretos; e a terceira do Grupo Bertin, de Lins. Ainda segundo a Secretaria do Mapa, as plantas que serão visitadas agora em outubro já haviam sido vistoriadas anteriormente e precisaram fazer algumas adequações solicitadas pelos representantes daquele país.
Sem licenças
Embora com as habilitações em mãos, as três unidades brasileiras não estão conseguindo exportar diretamente para o mercado chinês. Isso porque há a necessidade de emissão de licenças pelo governo daquele país para viabilizar as operações, o que não está ocorrendo, segundo Luiz Carlos de Oliveira, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Durante a presença dos representantes chineses no país, neste mês, haverá tentativa para resolver o impasse.
Mas, como as negociações nessa área não são simples, os representantes dos frigoríficos já planejam ofensiva para trabalhar em conjunto com o governo brasileiro na tentativa de resolver a questão. Na opinião do diretor da Abiec, é preciso aliar um pouco mais de agressividade à estratégia, tanto por parte do governo quanto também do lado do setor privado para que, enfim, esse mercado abra as portas para o produto nacional.
Para pôr em prática a pitada de agressividade, em novembro, os representantes dessas indústrias têm a intenção de embarcar para a China em comitiva que contará com a participação de agentes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). "A idéia é nos reunirmos [empresários] com importadores chineses, como em rodadas de negócios. O setor privado local tem interesse em importar a carne brasileira", diz Oliveira.
O diálogo ocorreria, então, em duas frentes: enquanto o setor privado estreita conversas com importadores em potencial, o governo faria nova tentativa para ajustar impasses junto ao órgão governamental chinês responsável. Segundo a assessoria de imprensa do Mdic, há previsão dessa viagem, em princípio, para a primeira semana de novembro, mas ainda não está confirmada.
A Câmara de Comércio Brasil-China de Desenvolvimento Econômico informou anteriormente que o potencial de importação daquele país existe no setor para cortes de patinho, paleta, coxão mole (in natura ou refrigerados) e cortes de dianteiro - que podem ser comercializados tanto nos mercados municipais como nos supermercados do País. A carne bovina brasileira já entra no mercado chinês de forma indireta, via Hong Kong. Até setembro deste ano, os embarques do produto para esse destino totalizaram US$ 234 mil. No total, o Brasil exportou US$ 3,1 bilhões em carne bovina in natura, no período.
Frangos e suínos
A batalha para abrir o mercado de proteínas também se estende aos exportadores de frangos e suínos. Desde 2005, mais de 20 plantas de empresas receberam habilitação do governo chinês mas não conseguem exportar.
A comitiva chinesa que estará no Brasil ao longo deste mês visitará também plantas da Perdigão e da Seara, informou a Secretaria do Mapa.
Veículo: DCI