Após verem suas margens prejudicadas pela alta dos grãos no mercado internacional durante vários trimestres, as indústrias de alimentos devem ser beneficiadas por uma queda de custos no curto prazo. A baixa das cotações das commodities agrícolas verificada desde a intensificação da crise no setor financeiro deve ampliar os ganhos das empresas que têm seus custos atrelados a grãos com formação de preço internacional, como Sadia e Perdigão.
A valorização do dólar em relação ao real vai atenuar parte destes ganhos, mas por outro lado impulsionará as receitas das companhias nas exportações. Os analistas esperam que as empresas registrem melhores margens ainda no terceiro trimestre, uma vez que os preços finais dos produtos ainda não caíram, enquanto o preço do milho recuou 47,61% desde as máximas históricas registradas em 27 de junho.
A soja caiu 43,38% desde o recorde de 3 de julho. No primeiro semestre deste ano, ocorreu o movimento contrário. Os preços do milho e da soja subiram 33% e 50% em relação ao mesmo período de 2007, respectivamente. Isso levou a Sadia a reduzir, em julho, sua projeção de margem Ebitda para 2008 de 12% a 13% para 11% a 12%.
Segundo a analista do setor de alimentos da Brascan Corretora, Denise Messer, a alta das margens pode se prolongar por mais tempo caso os insumos sigam mais baratos, porque existe uma defasagem entre os preços praticados na compra de matéria-prima e a venda do produto final.
"O frango que está sendo vendido agora foi alimentado com grãos a preços de três meses atrás", afirma. Para ela, o efeito da queda da matéria-prima nos balanços poderá ser sentido no quarto trimestre deste ano e nos primeiros três meses de 2009.
Enquanto soja e milho devem continuar em trajetória de queda, acompanhando o fortalecimento do dólar, a expectativa é de que os preços das carnes se mantenham firmes, em razão da demanda crescente dos países emergentes. "Dificilmente a crise irá se refletir em retração no consumo de alimentos", afirma a analista da Tendências Consultoria, Amarillys Romano. O consumo de proteína pode ser incentivado por um aumento real do salário mínimo superior ao apurado neste ano. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG