Frigoríficos suspendem vendas ao Egito

Leia em 2min 20s

País africano, terceiro principal mercado de carne bovina brasileira, importa até 7% de toda a produção nacional.Associação, no entanto, ainda não sabe informar qual é o montante do prejuízo, decorrente da instabilidade no Egito

 

A crise política no Egito começa a afetar o comércio do país com o Brasil e a preocupar empresários.

 

Diante da instabilidade do governo do ditador Hosni Mubarak e dos confrontos de rua nas cidades, os frigoríficos brasileiros decidiram ontem suspender o embarque de carne bovina para o país africano.

 

O presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Brasileira), Antônio Jorge Carmadelli, ainda não sabe informar qual é o prejuízo causado pelo cancelamento dessas exportações.

 

O Egito é o terceiro principal mercado de carne bovina brasileira, atrás da Rússia e do Irã. No ano passado, comprou US$ 410 milhões em carne do Brasil.

 

Carmadelli disse que os frigoríficos estão preocupados com o risco de as mercadorias ficarem paradas nos portos das cidades de Alexandria e Porto Said.

 

As empresas que já têm contratos assinados com o país estão reduzindo sua produção, de acordo com a associação brasileira.
Além de carne de boi, o açúcar é uma das principais mercadorias comercializadas entre os países.

 

Historicamente, o Egito importa de 5% a 7% de toda a produção brasileira.

 

No setor açucareiro, no entanto, nenhuma medida foi tomada em relação aos embarques.

 

A preocupação maior é que a instabilidade se alastre pelos países do norte do continente, afirma o analista de agroenergia Bruno Bosz, da consultoria Informa Economics FNP.

 

Bosz diz que a oferta no mercado açucareiro não está acompanhando a demanda. Assim, se o Egito parar momentaneamente de exportar, um outro país poderia ocupar seu lugar.

 

CONTAMINAÇÃO

 

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, Fábio Martins Faria, também diz que a maior preocupação do setor é com a possível "contaminação" da crise em outros países.

 

Faria acrescenta que o Egito é responsável por 1% do total das exportações brasileiras. No ano passado, o país importou US$ 1,9 bilhão do Brasil -valor 36% maior do que o registrado em 2009.

 

Na via oposta, os brasileiros importaram um total de US$ 169 milhões do país africano no ano passado.

 

O representante da associação considera pequeno o valor total dos embarques com destino ao Egito, mas acredita que os setores ligados ao açúcar e à carne de gado são os que podem sofrer mais impactos.

 

Isso prejudicaria, principalmente, os Estados de São Paulo, Mato Grosso e Paraná.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Preço do suíno recua 23% apenas neste ano

O preço da carne suína apresenta forte queda desde o início do ano. Segundo pesquisa da Folha, o va...

Veja mais
Mercosul ajusta proposta à UE para venda de frango

Os exportadores de frango do Mercosul adequaram a proposta conjunta que o segmento preparou para apresentar à Uni...

Veja mais
Japoneses já pescam atum no Nordeste

Companhia brasileira venceu edital para arrendar 16 embarcações com tecnologia e pessoal do país as...

Veja mais
Pesquisa mira 'carne de laboratório'

No edifício de ciências básicas da Universidade de Medicina da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, ...

Veja mais
Demanda fraca segura preço da arroba do boi

Embora a oferta de bovinos para abate esteja abaixo do previsto para esta época, os preços do arroba do bo...

Veja mais
Setor de carnes pode usar créditos da Cofins

Tributário: Lei estende benefícios aos segmentos de aves e suínos   Os segmentos de aves e s...

Veja mais
Entidades vão discutir novas normas para os frigoríficos

Regras priorizam o ambiente de trabalho.   Regras buscam a diferenciação das exigências e...

Veja mais
Consumo per capita de carnes dá salto de 17,5% em dez anos; frango lidera

O brasileiro consumiu, em 2010, 94 quilos de carne -considerando a bovina, a suína e a de frango-, um crescimento...

Veja mais
Paraná prevê novo recorde na produção de frangos este ano

Além de uma produção 5,6% maior em 2010, o estado obteve recordes no volume e em sua receita cambia...

Veja mais