Setor de carnes do País reduz dependência frente a Rússia

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O complexo carne, que está com os custos menores por conta da redução do volume de exportações, registrou uma receita maior com venda de seus produtos


Nos primeiros oito meses deste ano o setor de carnes brasileiro manteve o ritmo das exportações, e registrou alta nos valores obtidos e ligeira queda nos volumes. O crescimento das exportações de carne suína para Hong Kong e Ucrânia compensou as perdas geradas pelo embargo russo. Já no setor de bovinos, a expectativa ainda gira em torno da retomada dos embarques à Rússia, reduzidos nos últimos meses dado o período de férias.

O setor de carnes do Brasil, que viveu nos últimos dois meses a expectativa de reabertura do mercado russo aos frigoríficos do País, após o embargo às unidades dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, parece adaptado a atual realidade. Na suinocultura, o crescimento das vendas para a Ucrânia e Hong Kong foi o divisor de águas. De janeiro a agosto, em comparação aos oito primeiros meses de 2010, a queda nas exportações de carne suína foi de 3,41%, passando de 361 mil toneladas em 2010, para 348 mil este ano. A receita, no entanto, cresceu 7,43% no período, com um faturamento de US$ 951,21 milhões, ante os US$ 885 milhões em 2010.

"O fato é que estamos conseguindo exportar quase o mesmo volume sem a Rússia. Hong Kong tem sido um excelente mercado, com o segundo mês de grande crescimento consecutivo, a Ucrânia também teve um desempenho bastante satisfatório", disse Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).

No acumulado do ano, os embarques para o país da eurásia recuaram 20,5%, passando de US$ 453 milhões, vistos no mesmo período do ano passado, para pouco mais de US$ 360 milhões de janeiro a agosto deste ano. Já Hong Kong foi responsável por um crescimento superior a 50% neste período. E a Ucrânia acumulou alta de 45%. "Felizmente, o crescimento das exportações para Hong Kong e Ucrânia compensaram as perdas na Rússia. O Brasil reduziu a dependência do mercado russo de maneira significativa", comemorou Camargo Neto.

Ele também reiterou que as relações com o mercado sul-africano seguem complicadas. Já com o Japão, que realizou uma missão técnica ao País na semana passada, a expectativa é de que a resposta chegue em dois meses.

Mais distante dos problemas russos, a bovinocultura brasileira segue na expectativa de crescer até 15% este ano, em relação aos valores exportados. De janeiro a agosto de 2011 o setor obteve US$ 3,46 bilhões, alta de 3,29% ante o mesmo período de 2010. Entretanto diferente dos suínos a Rússia permanece na lista preferencial dos embarques, visto que o embargo não atingiu o setor como aconteceu com os porcos.

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Camardelli, a queda nos embarques para a Rússia nesses últimos dois meses, foi por conta da sazonalidade natural do país, dado ao período de férias e não com o embargo. "Não estamos sofrendo muito com essa proibição, até porque contamos com muitas plantas habilitadas a exportar para lá em outros estados", disse o executivo ao DCI, enquanto se preparava para embarcar para Moscou para participar de um evento voltado ao setor.

Apesar do crescimento dos embarques para o Irã, segundo maior mercado para bovinos brasileiros, a Rússia segue com folga como maior importadora da proteína. Em termos de faturamento, a Rússia fechou os primeiros oito meses do ano com US$ 798 milhões, à frente do o Irã, com US$ 511 milhões, Hong Kong, com US$ 408 milhões, Egito, com US$ 244 milhões, e Venezuela, com US$ 172 milhões. "A Rússia seguirá seguramente como líder na importação de bovinos do Brasil. Em setembro as vendas para eles devem retornar aos índices normais", analisou Camardelli.


O presidente da Abiec reiterou que a missão para a Malásia deve ocorrer este mês. "Vamos escolher uma planta para que sirva como modelo padrão para exportar para a Malásia", disse. "E com a missão pretendemos estreitar a relação com eles, ampliando também os volumes", finalizou.


Veículo: DCI


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