Os produtos da aquicultura (organismos aquáticos para uso humano) são largamente conhecidos pelas suas excelentes qualidades nutricionais e como atividade que comprovadamente permite a mais elevada produção de proteína de alta qualidade por unidade de área.
Esses produtos têm ainda mais relevância no momento em que se questiona o abastecimento alimentar da humanidade no futuro.
O Brasil tem excepcional potencial para a produção de pescados (pesca extrativa e cultivo), estimando-se que o mesmo seja de até 80 milhões de toneladas por ano.
Esse número torna o país o maior produtor mundial, superando largamente a China, que produz cerca de 40 milhões de toneladas.
Existem, é certo, grandes obstáculos a serem vencidos para que esse potencial produtivo se concretize. A estruturação da Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca, em janeiro de 2003, e sua posterior transformação em ministério, em junho de 2009, foram importantes passos na área institucional na direção do desenvolvimento do setor.
A cadeia produtiva da piscicultura comercial -basicamente formada pelos setores de suporte técnico e infraestrutura operacional, produtivo, beneficiamento e comercialização- encontra o maior desafio nas áreas de beneficiamento, de distribuição e de comercialização, carentes de fortes investimentos que permitam elevar o consumo interno, ainda modesto.
Investimentos que precisam propiciar amplo e sustentado acesso dos consumidores a um produto que atenda especificamente as suas preferências. É evidente que preços competitivos em relação a outras carnes são essenciais para a popularização dos produtos da aquicultura.
Nesse sentido, o custo da ração -que chega a representar, em alguns casos, até 80% do custo final de produção em cativeiro- passa a ser elemento determinante da rentabilidade final da atividade.
O farelo de soja, que fornece parte expressiva da proteína, principalmente para peixes não carnívoros, tem refletido nos últimos anos a significativa alta de preços das commodities agropecuárias em geral.
Os benefícios sociais e econômicos do desenvolvimento da pesca e da aquicultura nacionais seriam enormes. Para ter uma ideia do potencial de mercado, segundo a FAO, somente o Japão importa cerca de US$ 14 bilhões em produtos pesqueiros por ano, bem mais do que o Brasil exportou em carnes de frango e bovina em 2010.
O potencial de geração de empregos e de renda para estratos populacionais de baixa renda e os impactos indiretos na indústria de rações, de insumos veterinários diversos etc. são extremamente expressivos, além de se constituir numa alternativa alimentar a mais, de alta qualidade, para a população.
Veículo: Folha de S.Paulo