Com volume de exportação menor, preço do frango cai 27%

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Excesso de oferta do produto no mercado interno, efeito sazonal e custo de produção baixo podem ter influenciado na baixa, diz diretor da Ubabef 



A oferta maior, provocada provavelmente pela entrada no mercado nacional de produto destinado à exportação, segundo representantes do setor, fizeram as cotações do frango despencarem quase 30% em janeiro. A queda é inédita na série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) .

"A sazonalidade sempre ocorre, só que neste ano foi potencializada", reconheceu o diretor de Mercados, da União Brasileira da Avicultura (Ubabef), Ricardo Santin. Para ele, um dos motivos está na criação de aves que foram comercializadas neste mês, pois "alguns desses frangos foram criados com o milho mais barato, antes das secas na Região Sul", afirmou Santin.

Além disso, uma vez que dezembro do ano passado foi um mês de recorde das vendas externas da carne de frango, "empresas que estavam retomando as exportações, com as oscilações do dólar, voltaram-se novamente para o mercado interno", acrescentou Santin, levantando hipóteses para explicar o fenômeno da queda acentuada do preço do frango em janeiro.

O quilo do frango vivo ficou 27% mais barato no mês passado, indo de R$ 1,96 no último dia de 2011 para R$ 1,43 na última sexta-feira (27). Para efeito de comparação, a cotação do animal vivo havia perdido 9,5% de valor em janeiro do ano passado, quando custava em média R$ 1,88 - no fim de 2010, o preço era de R$ 2,08, de acordo com o Cepea.

"É normal que os preços comecem a cair já na semana de festas do fim de ano. O que surpreende é a velocidade com que têm caído, principalmente os do frango vivo", disse a pesquisadora Camila Ortelan, do Cepea.

Na Região Metropolitana de São Paulo, a cotação da ave congelada perdeu 15,9% de valor em janeiro - chegando a ser cotada a R$ 2,67 - e a do animal resfriado, 17,4% - a R$ 2,52. "Esses patamares de preço só foram observados em junho de 2011, o pior período para o frango, pois a oferta excedia a demanda. Então o frango perdeu tudo o que tinha recuperado até aqui", analisou Camila (referindo-se também ao preço do frango congelado).

As cotações atuais apresentam as maiores quedas desde que o Cepea começou a acompanhar o preço da ave, em 2004.

Contudo, para Santin, da Ubabef, os preços devem ser retomados nas próximas semanas, graças ao fim do período de alta sazonal e do ajusta de estoques que, sgundo ele, os empresários já estão promovendo.

SNA avalia

Apesar da forte queda do preço neste início de ano, a avicultura nacional deve ter um crescimento visto como moderado neste ano: em torno de 2%, na produção e na exportação, considerando os efeitos da crise financeira internacional. A avaliação foi feita ontem na Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), no Rio de Janeiro, pelo presidente da Ubabef, Francisco Turra, segundo a Agência Brasil.

O consumo interno atingiu 47,4 quilos por habitante ao ano, em 2011. Ex-ministro da Agricultura entre 1998/1999, Turra manifestou, entretanto, que, para 2012, o setor preferiu ser cauteloso nas previsões. "Nós somos até conservadores. Não estamos fazendo projeção de grande crescimento. Mas nós não vamos nem empatar, nem decrescer".

Turra explicou que há muita turbulência no mercado exterior. Alguns países compradores, com o objetivo de proteger o produtor local, começam a ameaçar as exportações brasileiras de aves. "Se não tivéssemos 154 mercados abertos, teríamos sofrido muito."

A Rússia foi um dos países que embargaram as compras do produto brasileiro, de forma "indevida e injustificada", na opinião de Francisco Turra. Irã e Iraque também reduziram as importações "para proteger o seu produtor".

A produção avícola nacional cresceu 7% em 2011, fazendo do Brasil o segundo maior produtor do mundo, "junto da China e logo depois dos Estados Unidos". As exportações evoluíram 3,2%, mantendo o Brasil na liderança internacional, com 40% do mercado mundial.

Em relação ao consumo, o crescimento observado foi 10% no ano passado. O presidente da Ubabef disse que as classes C e D estão consumindo muita proteína. "O brasileiro come 47,4 quilos de frango, 35 quilos de bovino e 15 quilos de suíno [por ano]. Acho que o brasileiro hoje tem acesso [ao consumo de proteínas] mais democratizado, universal. E a carne de frango é mais barata."

Na área da exportação, argumentou que o mês de janeiro surpreendeu favoravelmente. "Nós vamos crescer em relação a janeiro do ano passado mais de 10%." Os números do desempenho do setor neste primeiro mês do ano serão divulgados hoje.



Veículo: DCI




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