Brasil deve recuperar espaço da exportação bovina em 2012

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No ano passado o País exportou 1,09 milhão de toneladas de carne boi, um volume quase 11% menor se comparado ao do período anterior 

O Brasil pode ser favorecido no mercado externo de carne bovina em 2012, ante a expectativa de boa demanda global e aumento da disponibilidade local de animais, recuperando participação depois de um ano de acirrada disputa com seus principais concorrentes, os Estados Unidos e a Austrália, avaliam especialistas do setor.

A expectativa do aumento da oferta de animais para abate no Brasil representa uma grande chance para o País exportar, o que somente não se cumprirá se houver agravamento da crise na Europa, por seu impacto direto na demanda, observa Maurício Nogueira, diretor-executivo da Bigma Consultoria.

Em 2011 o Brasil exportou 1,09 milhão de toneladas métricas de carne bovina, um volume quase 11% menor se comparado ao do ano anterior.

Nogueira observa que até novembro do ano passado, dado mais recente do governo norte-americano, as exportações dos EUA cresceram mais de 20 por cento, para 1,17 milhão de toneladas métricas.

"Se, em dezembro, o ritmo [de exportações] for mantido, os americanos terão passado o Brasil em toneladas métricas e equivalente carcaça", estima o diretor da Bigma.

O cenário é mais favorável em 2012. "O Brasil recupera volume este ano. A expectativa é recuperar mercado em 2012... a Europa já flexibilizou", disse Nogueira, em referência à decisão do bloco europeu de transferir para o Brasil a listagem das fazendas habilitadas a exportar para a UE.

Neste cenário, diz Nogueira, o Brasil cresce absorvendo fatia de outros países, com mais dificuldades para elevar a oferta de carne no curto prazo. E cita o caso dos Estados Unidos, cujo rebanho atingiu o menor nível em décadas depois de elevar-se fortemente o abate, inclusive de matrizes, nos últimos anos.

Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) da última semana indicam que o rebanho atingiu o menor nível em mais de seis décadas, depois que uma seca devastadora puxou custos de produção e levou ao aumento dos abates naquele país.

Segundo o USDA, este é o quinto ano consecutivo de redução no rebanho dos EUA, que até 1º de janeiro era de 90,77 milhões de cabeças, queda de 2 por cento ante um ano atrás.

Este aumento expressivo no abate norte-americano, em meio à crise que afetou a demanda interna, implicou aumento das exportações em 2011, levando o Brasil a perder participação no mercado global de carne bovina.

Limites

"O mercado mundial deve estar demandante... e o Brasil poderá suprir parte desta demanda, mas existe um limite", disse Wander Sousa, analista do setor para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O analista pondera que o País ainda não tem plena oferta de animais, porque ainda sente os efeitos do abate de matrizes entre 2006 e 2007, em meio aos baixos preços do período.

Em 2010 e 2011, os preços da carne bovina no mercado interno permaneceram elevados por conta da baixa disponibilidade de animais prontos para o abate.

O analista da Pasturas, Fernando Penteado, aponta outro fator limitante para o Brasil cobrir espaço eventualmente deixado pelos Estados Unidos: acesso a mercados.

"O Brasil ainda atende principalmente a periferia do mercado mundial... são mercados que pagam menos", disse Penteado.

Novos mercados

O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Fernando Sampaio, reconhece que o Brasil não tem acesso a dois importantes mercados dos EUA, Japão e Coreia do Sul, que pagam melhor por cortes mais nobres.

No entanto, considera que, no prazo mais longo, o Brasil é o país que tem escala e condição de aumentar a produção, uma vez que os EUA têm esta diminuição do rebanho, a Austrália enfrenta limitações em área produtiva, e a Argentina, problemas com restrições governamentais.

Ele explica que a indústria vem trabalhando para ter acesso a mais mercados, entre os quais estão justamente os Estados Unidos, para onde a Abiec tem a expectativa de vender carne in natura. A negociação é parte do acordo firmado depois que o Brasil venceu o contencioso na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios dos EUA concedidos aos produtores de algodão.

Uma das cláusulas deste acordo previa que os norte-americanos concluiriam a análise de risco para entrada de carne in natura brasileira no país. O processo deve entrar em consulta pública para receber eventuais sugestões de partes interessadas, e só então definir regras de importação.


Veículo: DCI


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