Processo encurta período necessário para avaliação e seleção do gado.

A necessidade de identificar o potencial produtivo dos bovinos, sejam de corte ou de leite, em menor tempo tem incentivado os investimentos em projetos de melhoria da genética. A partir de 2011, foi disponibilizada no país a técnica de seleção através da genômica dos bovinos. O processo reduz significativamente o período necessário para avaliação e seleção do gado, além de ter índice de acerto superior ao processo de seleção fenotípica.

O processo de seleção genômica já é amplamente utilizado nos Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e Europa, onde o foco das pesquisas é direcionado para o gado de leite. No Brasil, entre os dias 26 e 27 deste mês, os pecuaristas poderão conhecer a técnica e os resultados obtidos pelos produtores que investiram na genômica bovina, durante o segundo workshop internacional: "Genômica Aplicada à Pecuária", em Araçatuba, São Paulo.

De acordo com o professor e pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araçatuba e especialista em genômica de bovinos, José Fernando Garcia, o evento contará com a participação de cientistas e pecuaristas que utilizam o sistema de seleção nas fazendas produtivas.

Entre as vantagens apontadas pela seleção do gado através da genômica estão a redução do período de seleção dos animais, o ganho em produtividade, o aumento da precocidade do rebanho e a elevação do índice de acerto na seleção dos melhores animais.

"Há cerca de 30 anos, os pecuaristas do país vêm investindo em formas de ampliar a qualidade e precocidade do rebanho. Até o momento, o principal processo de seleção genética utilizado é feito través da avaliação física e da produção do rebanho. Com os dados é constituído o índice de Diferença Esperada na Progênie (DEP). Nesse processo, o índice de acerto na seleção gira em torno de 30%, através da avaliação genômica o índice de acerto varia entre 60% e 70%, dependendo do bovino", disse Garcia.


Técnica - Além das palestras, os participantes também poderão participar de dois minicursos, que serão ministrados no dia 26. Os temas serão: Entendendo Genes, Genética e Genômica e Método de Associação Genótipo/Fenótipo.

Ainda segundo Garcia, no país, a princípio, a técnica vem sendo utilizada para a seleção de bovinos de corte da raça nelore, porém já estão em fase de desenvolvimento, pesquisas para a seleção genômica das raças girolando e gir, voltadas para a produção de leite.

"A demanda por tecnologias e meios de seleção eficientes é crescente e os pecuaristas estão atentos a essas exigências de mercado e investindo cada vez mais em novas formas. Os ganhos com a genômica são enormes, uma vez que a seleção é feita com o bovino ainda bezerro, enquanto no processo tradicional a seleção pode levar mais de um ano", disse Garcia.

De acordo com Garcia, a técnica desenvolvida ao longo dos anos consiste na realização de testes que vão avaliar diversos pontos do genoma dos bovinos. Após a análise é feita uma comparação com o perfil genômico desejado pelo pecuarista.

"As fazendas participantes devem integrar algum projeto de melhoramento genético. A avaliação é feita em amostras de pêlo da cauda dos bovinos recém-nascidos. Após essa primeira etapa, são avaliadas o fenótipo. Somadas as informações, conseguimos constituir um DEP mais acertivo. Além de acelerar o processo de escolha dos melhores animais, os pecuaristas conseguem tomar as decisões de quais animais serão destinados ao abate e quais serão utilizados para o melhoramento do rebanho com maior precisão e rapidez".

Para o pesquisador, os investimentos em genética são fundamentais para garantir a rentabilidade dos negócios, a qualidade da produção e a geração de lucros. "O Brasil vem assumindo a liderança em relação às exportações de carne bovina. E para ampliar o mercado de atuação é necessário oferecer produtos de alta qualidade, o que pode ser obtido com o melhoramento genético do rebanho. Atualmente, o país consome cerca de 70% da produção, sendo os 30% restantes exportados.


Veículo: Diário do Comércio - MG