A Riberalves, empresa portuguesa que exporta bacalhau, está mudando a estrutura de distribuição para crescer no Brasil. O mercado brasileiro responde por 25% do faturamento global da companhia, que atingiu € 135 milhões em 2011. A meta é dobrar a presença nos pontos de venda e fazer com que a operação local responda por 50% da receita até o fim de 2013.
"O Brasil vai puxar o crescimento global do grupo", diz Marcelo Nasser, diretor comercial da empresa no país. A aposta por aqui é no bacalhau congelado e pronto para cozinhar, cuja demanda aumentou nos últimos meses, afirma o executivo, sem citar números. "As donas de casa de 30 a 45 anos vão comprar o bacalhau dessalgado, não vão ficar dessalgando bacalhau, precisam do produto pronto", diz o português João Alves, CEO da companhia, que veio esta semana a São Paulo para a feira Apas 2012, de supermercados.
Portugal ainda é o maior mercado da empresa e lá o consumo está estagnado, afirma Alves. No ano passado, as vendas globais da Riberalves cresceram 10%, considerando todas as operações, e devem aumentar outros 10% este ano, impulsionadas pelo consumo no Brasil e "um pouco por Angola". A empresa exporta para 16 países.
No Brasil, o aumento das vendas da companhia em 2011 foi de 20%, tanto em valor como em volume. Um ritmo forte, mas menor do que o crescimento de 30% verificado em 2010. A desaceleração, diz Nasser, foi decorrente do aumento de preços. "A matéria-prima subiu 15% em relação a 2010", afirma. Mas a expectativa, acrescenta, é que o preço do peixe caia entre 7% e 8% durante o ano.
A Riberalves compra de empresas de pesca o bacalhau proveniente dos mares do Alasca, da Noruega e Islândia. Como o negócio é feito em dólares - e a moeda está mais cara -, Nasser está "vendo como câmbio vai impactar o negócio". Segundo ele, o lombo do bacalhau porto imperial vendido pela empresa que custava na faixa de R$ 30 no supermercado em 2010, este ano subiu para R$ 40.
A Riberalves trabalha com uma rede de distribuidores regionais: vende o contêiner fechado e o importador revende os produtos nos Estados. No varejo, atua com 25 clientes diretos, incluindo as grandes redes de supermercados.
Agora, para aproximar o contato com os varejistas, a Riberalves está estruturando uma equipe de vendedores próprios para atuar em áreas "potenciais", como São Paulo, Rio, Recife, Belo Horizonte e Brasília. "Os vendedores estarão nos principais centros para auxiliar e melhorar o trabalho do distribuidor", diz Nasser.
Segundo o executivo, o principal entrave para crescer no país é a falta de estrutura para manter produtos refrigerados. "É difícil encontrar um freezer de alta qualidade no varejo de uma pequena cidade no interior do país, e a refrigeração correta é intrínseca à qualidade do nosso produto", afirma.
No Brasil, a Riberalves trabalha apenas com o bacalhau. Em Portugal, tem ainda uma marca de café e recentemente montou uma vinícola, cujos rótulos devem ser vendidos aqui nos próximos meses. No mercado de bacalhau congelado dessalgado vai competir com empresas como a também portuguesa Bacalhau Dias, que vende o produto no Brasil desde 2004 e em fevereiro anunciou investimentos de R$ 25 milhões no país até 2013, incluindo uma fábrica.
Veículo: Valor Econômico