Após criar uma linha de crédito para retenção de matrizes no Plano de Safra 2012/13, o governo decidiu incluir, até o ano que vem, as indústrias integradoras de suínos no programa de desoneração da folha de pagamento. As medidas de auxílio ao segmento são parte de um pacote de socorro mais amplo, costurado pelos ministérios da Fazenda e da Agricultura, para resolver problemas pontuais em alguns setores da agropecuária.
O governo avalia que não será necessária uma renegociação geral de dívidas, mas apenas solucionar problemas de quem sofreu perdas devido aos graves problemas climáticos e não possuíam seguro e dos criadores de suínos, considerados um caso "único".
O Ministério da Fazenda acredita que a suinocultura já recebeu uma grande ajuda com a linha de retenção de matrizes, mas admite que alongar o prazo da dívida pode não resolver todos os problemas. Além da desoneração da folha de pagamento das indústrias integradoras, também está em estudo um auxílio aos produtores independentes. "A suinocultura é um setor único, em que houve aumento no valor dos insumos, como o milho e a soja, e queda no preço de venda. Ao mesmo tempo houve um aumento da produção", disse uma fonte da Fazenda.
Apesar da grande perda na Região Sul do país devido à seca, grande parte dos produtores agrícolas possuía seguro. Por isso, o governo avalia que alongar o prazo para o pagamento dos empréstimos já seria uma solução para quem não estava segurado. "Não existe pressão por crédito no Sul causada pela seca. Aqueles que sofreram com a estiagem e não possuíam seguro já tiveram seus prazos alongados. Caso seja necessário, vamos analisar uma segunda ajuda", explicou a fonte.
A bancada ruralista no Congresso encaminhou ao Ministério da Fazenda um pedido para auxiliar produtores endividados que não podem mais contratar recursos em instituições financeiras. A intenção dos parlamentares é integrar ao mercado financeiro quem não possui mais garantias para tomar novos empréstimos.
A Fazenda, por enquanto, não pensa em criar um mecanismo complexo para este fim. De acordo com uma fonte do ministério, a contratação de crédito "foi boa" nos últimos anos, e os problemas são regionais, como nos casos da produção de maçãs e criação de suínos.
"Nenhum estudo que subsidie uma ação de auxílio para resgate de produtores de arroz e soja chegou no Ministério da Fazenda"."A capacidade de tomar crédito está boa. Praticamente todo dinheiro disponibilizado foi pego e isso mostra que o sistema está fluindo. A produção está acontecendo e fomentada pelo crédito. Existem alguns problemas localizados que deveremos tratar", explicou. "O que deixamos claro é que o governo não quer rediscutir todas as dívidas existentes. Vamos resolver problemas pontuais". Na safra 2011/12, de julho de 2011 a maio deste ano, foram empenhados R$ 93 bilhões dos R$ 107 disponibilizados.
Mesmo a par das intenções do governo, alguns setores produtivos pediram extensão dos pagamentos de financiamentos. O segmento de suínos pediu 20 anos para pagamento de suas dívidas. Para o arroz, foram solicitados 35 anos e para a maçã, 10 anos.
Veículo: Valor Econômico