O governo federal autorizou a liberação de uma linha de crédito de R$ 200 milhões para que as indústrias e supermercados possam adquirir leitões com até 30 quilos, ao preço de R$ 3,60 por quilo. Os preços atuais no mercado estão na faixa de R$ 1,76 por quilo. A linha de crédito terá prazo de pagamento de 180 dias e juros de 5,5% ao ano.
O anúncio foi realizado nesta quinta-feira pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, em audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado. A linha de crédito atende a uma pauta de reivindicações dos 700 suinocultores que realizaram, nesta quinta-feira, manifestações em Brasília para protestar contra a crise que o setor atravessa desde o início do ano passado.
Outra medida foi a prorrogação das dívidas de custeio para janeiro de 2013. No caso do crédito para investimento, as parcelas serão adiadas por um ano após o vencimento da última mensalidade. O governo ampliou o valor do financiamento para retenção de matrizes, de R$ 1,2 milhão, anunciado no plano de safra, para R$ 2 milhões. O prazo de pagamento é de dois anos e os juros também de 5,5% ao ano.
O governo também criou uma linha de crédito para financiamentos fora do sistema bancário, junto a cooperativas, cerealistas, fornecedores de insumos e tradings. A taxa de juros será de 5,5% ao ano, com prazo de até cinco anos para pagamento. Além disso, o governo também avalia a possibilidade de estabelecimento de um preço de referência para a carne suína, em caráter excepcional, até o fim de dezembro deste ano, para a realização de operações de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP), no valor de R$ 2,30 por quilo de animal vivo. A medida seria destinada à região Sul, com limite de 50 mil toneladas para cooperativas e agroindústrias que comprem produtos diretamente de criadores independentes. O Ministério da Fazenda deverá dar uma resposta em relação à essa medida até a próxima terça-feira.
Para criadores e indústria, medidas não encerram crise
Embora as medidas anunciadas pelo governo tenham atendido parte das reivindicações dos manifestantes, representantes da cadeia produtiva acreditam que elas não serão suficientes para solucionar a crise enfrentada pelos produtores. Para o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Estado (Acsurs), Valdecir Folador, os anúncios amenizam a situação de endividamento dos produtores, mas não solucionam a falta de renda da atividade. “Faltaram medidas mais concretas e eficazes para resolver a crise em si”, destacou.
O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Produtos Suínos (Sips), Rogério Kerber, frisou que o setor “precisa de duas medidas fundamentais, que são o uso de estoques oficiais de milho para atender a demanda dos criadores, e a aquisição de carne do governo para aliviar os estoques. O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos, Marcelo Lopes, comentou que a iniciativa de financiar a compra antecipada de leitões, ao preço de R$ 3,60 por quilo, pode esbarrar na falta de espaço para armazenagem nos frigoríficos, que já estão carregados.
Veículo: Jornal do Comércio - RS