Queda nas exportações e recuo no consumo deixam os cortes bovinos de primeira mais baratos
É natural, no mercado de carnes, que o preço dos cortes nobres suba no final do ano e despenque na baixa temporada, considerada entre os meses de março e novembro. A explicação está na lei da oferta e da procura – quando mais pessoas querem fazer churrasco, como no final do ano e nas férias de janeiro e fevereiro, os preços também aumentam. Mas em 2012 a carne de primeira está ainda mais barata que o normal para a época. A explicação, segundo fontes consultadas, estaria na queda das exportações e no recuo do consumo.
Comerciantes de Blumenau estão sentindo a estabilidade no preço da carne de primeira. Lauro Sautner, gerente e comprador da Churrascaria Ataliba, lembra que houve apenas um aumento na semana que antecedeu o Dia dos Pais, provavelmente por conta do aumento da demanda. Adroaldo Amadori, proprietário do Amadori, e Margareth Deschamps, sócia-proprietária do Supermercado Unidos, esperam que os cortes nobres mantenham a estabilidade e não sofram um aumento tão significativo como o que ocorreu em 2011. Amadori conta que, na época, alguns praticamente dobraram de preço.
Exportações em baixa trouxeram mais carne ao mercado interno
De março a novembro, os cortes nobres chegam a custar 18% menos do que em dezembro, segundo o Instituto Técnico de Administração e Gerência (Itag) da Esag/Udesc. O gerente comercial do Ataliba de Florianópolis, Ezídio Day, explica que o preço baixo no período permite que o consumidor ganhe descontos sem que isso comprometa a margem de lucro do restaurante. Segundo Ezídio, a margem é até 10% maior no inverno. Mas nesta estação será um pouco maior. Ezídio afirma que está comprando cortes de primeira por cerca de 10% a menos do que o normal para esta época.
Zefiro Giassi, presidente da rede de supermercados Giassi, explica que a queda nas exportações injetou a produção de carne no mercado interno, também desaquecido.
– De um lado, temos as exportações em baixa, com a crise mundial e barreiras alfandegárias de países como a Argentina. De outro, o recuo do consumo no país. Tudo isso, ao mesmo tempo em que tivemos supersafra da carne – afirmou o presidente do Sindicarne-SC, Ricardo Gouvêa.
Carne de segunda fica mais cara
Enquanto os cortes nobres caem de preço na baixa temporada, a carne de segunda aumenta. O preço da carne moída de segunda, aferida mensalmente pelo Departamento de Economia do Instituto Furb, teve queda de preço em julho, mas registrou aumentos consecutivos nos meses anteriores. Em maio foi 2,77%, junho 8,47% e em julho houve queda foi de 4,22%. A carne de segunda faz parte da cesta básica alimentar.
De acordo com Zefiro Giassi, isso acontece porque, no verão, no embalo das férias e festas de fim de ano, a carne mais procurada pelo consumidor é a nobre. Assim, o preço dos cortes de segunda cai para atrair os consumidores. No inverno, é o contrário. A procura por carnes nobres cai, enquanto as mais baratas ganham vez.
Zefiro Giassi, presidente da rede de supermercados Giassi, explica que as pessoas têm procurado por carnes mais baratas, principalmente a suína, que caiu muito nos últimos meses. E a preferência pela carne de porco também contribui para o aumento da oferta da carne bovina nos mercados.
Mas, segundo ele, a carne de primeira não deverá baixar mais de preço até o final do ano, à medida que a procura for aumentando.
Veículo: Jornal de Santa Catarina