O preço da carne bovina pode subir "de maneira expressiva" no último trimestre, segundo o frigorífico Minerva. Durante encontro anual da empresa com jornalistas, ontem em Barretos (SP), o analista de pesquisa de mercado Fabiano Tito Rosa explicou que o produto ficou relativamente barato em relação a outras proteínas (frangos e suínos) - que enfrentam crescente pressão de custo devido à alta dos grãos - e que, por isso, tem espaço para subir sem perder competitividade. "A relação entre o preço da carne bovina e o das outras proteínas é a menor desde o fim de 2009, o que cria um cenário muito positivo para um período em que já há uma tendência sazonal de preços mais altos", afirmou ele.
O analista não revelou qual é o aumento esperado pela empresa, mas indicou que será "superior à elevação esperada para o boi gordo", o que deve significar margens operacionais mais altas no terceiro e quarto trimestres. Segundo Tito Rosa, o preço da carne bovina brasileira está, em média, 20% abaixo do valor praticado pelos principais concorrentes do país no mercado externo. Ele lembrou que o movimento reflete o ciclo favorável da pecuária brasileira, caracterizado por maior oferta de animais para abate e preços mais baixos para o boi gordo. Em 2012, previu, o Brasil deverá abater cerca de 40 milhões de cabeças de gado, terceiro maior número da história e o maior desde 2007. No ano, o preço do boi gordo acumula queda de 7%.
O CEO do Minerva, Fernando Galletti, afirmou que o país terá pela frente o "Natal da carne bovina", referindo-se à expectativa de aumento do consumo da proteína em relação às concorrentes. Para o executivo, o cenário atual comprova que a empresa "acertou na decisão de concentrar sua operação em bovinos" e que "o tempo mostrou que a diversificação de proteínas não dilui, mas aumenta os riscos". Mesmo assim, reiterou que a empresa não pretende fazer novos investimentos em aumento de capacidade. "Nosso Capex para 2012 e 2013 deve ficar entre R$ 90 milhões e R$ 100 milhões, basicamente um valor de manutenção".
O Minerva também quer ampliar a fatia da distribuição de alimentos em sua receita. Galletti disse que o faturamento com a distribuição de produtos como peixes, vegetais e processados de outras marcas cresceu 70% e respondeu por 30% das receitas no mercado interno em 2011. A empresa quer elevar a fatia e, para tal, reforçará a relação com pontos de venda e reformulou sua marca, que passa a ser "Minerva Foods".
Veículo: Valor Econômico