Carente de estatísticas precisas, a pecuária intensiva ganhou novos contornos. Com 877 unidades que somam uma capacidade para abrigar 2,7 milhões de cabeças por ciclo, os confinamentos brasileiros de gado bovino estão concentrados nas mãos de poucos produtores, aponta o levantamento inédito realizado pela Associação Nacional dos Confinadores (Assocon).
No ano passado, apenas 8% das 849 propriedades que optaram por esse sistema de criação foram responsáveis por 50% dos 3,3 milhões de animais terminados em cocho em todo o país, aponta o estudo da entidade. "Esse é um padrão. Você tem muito boi em pouco confinamento", afirma o gerente-executivo da Assocon, Bruno Andrade.
Batizado pela Assocon como o primeiro "censo" da atividade, o levantamento evidencia a distância entre pequenos e grandes produtores do segmento no país. Naqueles 8% que costumam representar a metade de todos os animais confinados, a capacidade estática média é de 35 mil cabeças, sendo que a maior propriedade do tipo no país pode abrigar 140 mil animais de uma vez só. Em contrapartida, os 92% restantes detêm uma capacidade estática média de mil cabeças. No levantamento da Assocon, o giro médio por propriedade foi de 1,2 vez a capacidade estática.
O gerente da Assocon reconhece que o universo de 877 unidades pesquisadas não é propriamente um censo, uma vez que só o cadastro da entidade tem 1,3 mil confinamentos. Muitos produtores não responderam os questionários feitos pela associação.
"O número deve ser maior que esses 1,3 mil, mas abaixo de 2 mil confinamentos", diz Andrade, citando os confinamentos mais distantes e de pequeno porte que a entidade não conseguiu ter acesso. Se consideradas essas propriedades, o Brasil confina ao menos 4 milhões de cabeças ao ano, estima o executivo. O número é superior às projeções da própria Assocon. Neste ano, a entidade prevê que o Brasil confine cerca de 3,4 milhões de cabeças, mesmo patamar do ano passado.
Veículo: Valor Econômico