O mercado brasileiro de frango vivo apresentou forte valorização dos preços na semana passada. Segundo o analista de Safras & Mercado Fernando Iglesias, a combinação de oferta justa e de demanda aquecida proporcionou a elevação das cotações.
"A perspectiva do mercado é que a situação se prolongue no decorrer das próximas semanas, considerando que a demanda segue muito aquecida, e tende a permanecer assim por conta do período de festividades", projeta o analista.
Segundo ele, a reposição entre os setores que compõem a avicultura se intensifica, justificando a valorização dos preços do frango vivo.
Em São Paulo, o quilo do frango vivo saltou de R$ 2,50 para R$ 2,60 até última quinta-feira. No mesmo período, o preço no mercado integrado gaúcho subiu de R$ 2,40 para R$ 2,50. Na integração catarinense, a cotação passou de R$ 2,40 para R$ 2,48. No Paraná, o preço avançou de R$ 2,35 para R$ 2,40 no oeste do Estado.
No Mato Grosso do Sul, o preço saltou de R$ 2,45 para R$ 2,60. A cotação também subiu em Goiás, passando de R$ 2,50 para R$ 2,65. Em Minas Gerais, o preço pulou de R$ 2,55 para R$ 2,70. Em Brasília, a cotação avançou de R$ 2,50 para R$ 2,65. Em Fortaleza, o preço estabilizou em R$ 2,70. O quilo também seguiu inalterado em Recife (R$ 2,80) e em Belém (R$ 2,90).
O presidente executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, destacou, durante o painel de Mercado da Avisulat 2012, em Bento Gonçalves (RS), que o mundo demandará cada vez mais proteínas animais e que o Brasil, como grande fornecedor de alimentos, tem de manter sua competitividade sob o risco de perder espaço para outros mercados.
Consumo - "Temos visto as estimativas de aumento no consumo de carne de frango, suíno e de leite pelo mundo. A China antes consumia quatro quilos per capita de carnes e hoje demanda dez quilos, a India não consumia carnes no passado e hoje existem 340 milhões de potenciais consumidores no país, número que chegará a 600 milhões em cinco anos. Mas alguém precisa fornecer alimentos a esses e outros mercados e o Brasil tem esse privilégio, mas não pode, por exemplo, ficar refém da falta de milho para a produção de ração animal", analisa.
Segundo Turra, a região Sul responde pelo menos por 60% da produção de carne de frango, suínos, ovos e leite do Brasil. "Se não houver matéria-prima para atendimento das necessidades dos produtores e indústrias, elas acabarão migrando para outras partes do país", afirma.
Turra criticou o governo pela ausência de investimentos visando melhorias em infraestrutura. "Hoje temos carências de rodovias duplicadas no Rio Grande do Sul e também faltam rodovias para deslocarmos milho do Centro-Oeste para o Sul do país, ou seja, a logística está cada vez pior", salienta.
Turra defendeu a necessidade do estabelecimento de uma política específica para problemas emergenciais referentes ao abastecimento de milho no Sul do Brasil. "O Ministério da Agricultura está tentando fazer a sua parte, mas a Fazenda ainda não compreendeu que a crise veio e atingiu, em cheio, um setor que crescia em média 6,5% ao ano. Desse modo, felizmente o setor entendeu que havia produzido carne de frango demais e que precisava regular estoques. Por isso decidimos reduzir em 10% a produção, nos adequando também à falta de 10% na oferta mundial de milho e soja por conta da severa seca nos Estados Unidos, o que nos trouxe uma situação um pouco melhor", avalia.
Veículo: Diário do Comércio - MG