Japão barra carne brasileira após registro de agente da vaca louca

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Governo descarta reação em cadeia, mas teme ação da Rússia, maior importador, e de países árabes


Bovino morreu em 2010 sem ter desenvolvido doença; órgão mantém status brasileiro de risco insignificante

 

Um dia depois de o Ministério da Agricultura confirmar a presença da proteína do agente causador da doença da vaca louca em um animal em Sertanópolis (PR), o Japão anunciou a suspensão da importação de carne processada do Brasil.

 

Segundo o governo brasileiro, o bovino (uma vaca de 13 anos) morreu em 2010, sem desenvolver a doença conhecida por encefalopatia espongiforme bovina.

 

 

"Suspendemos a importação assim que a notícia foi confirmada", disse o Ministério da Agricultura japonês.

 

Foi a primeira vez que o Brasil registrou a presença do agente causador da doença. Como o animal não morreu em decorrência do mal da vaca louca, o caso foi chamado de "não clássico" pelo Ministério da Agricultura. Segundo o governo, o episódio não traz risco à saúde pública.

 

O Japão não é grande importador de carne do Brasil. Em 2011, foram 1.400 toneladas -0,3% das compras do país asiático. O Brasil vende àquele mercado carne enlatada e alimentos com pedaços de carne, como feijoada.

 

O governo descarta uma reação em cadeia de outros países e acredita que o Japão reverterá em breve a decisão.

 

Segundo a Folha apurou, entretanto, há preocupação de que a Rússia, maior importador individual de carne bovina brasileira, e alguns países árabes tomem a mesma atitude.

 

"Nos países que são nossos compradores, creio que seja muito difícil suspender. Caso alguns deles tomem alguma medida imediata, vamos avaliar como agir", diz o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Enio Marques.

 

Por ora, não se fala em eventuais retaliações ao Japão na OMC (Organização Mundial do Comércio).

"É cedo para falar nisso."

 

Para o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Antonio Camardelli, outros países podem adotar medidas semelhantes, como forma de atingir comercialmente os exportadores brasileiros.

 

OPORTUNISMO

 

O governo também teme que países usem uma eventual suspensão às importações para obter vantagens comerciais, como baixar preço de contratos.

 

Alguns países árabes, que o Executivo evita apontar mesmo reservadamente, entraram no radar do governo justamente por isso.

 

No caso do Japão, espera-se a reversão do veto para o meio da semana, possivelmente na quarta-feira. Esse é o prazo para que a documentação oficial sobre o episódio específico do Paraná seja avaliada por autoridades do país asiático.

 

O Brasil manteve o status de nação com risco insignificante para a doença da vaca louca mesmo depois de notificar a Organização Mundial de Saúde Animal do caso.

 

Oficialmente, Marques, da Agricultura, disse não acreditar em um veto da Rússia à carne bovina brasileira, por várias razões.

 

"A Rússia pode ser imprevisível, mas nessa situação é mais difícil. Entrou recentemente na OMC e depende de carne bovina. Além do mais, a presidente Dilma Rousseff chega ao país nesta semana."

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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