A pecuária brasileira passa nos meses de inverno por escassez histórica de pastos para alimentação do gado devido ao clima mais seco, com picos que tradicionalmente vão até o final de setembro. Essa situação proporciona um desafio extra para a manutenção e ganho de peso dos animais, e o confinamento surge como uma alternativa econômica importante. Porém, essa prática reúne grande número de animais em espaço físico limitado, gerando a necessidade de maior atenção com o rebanho, principalmente em relação à sanidade.
Os animais confinados são mais suscetíveis à proliferação de importantes enfermidades. Porém, uma das principais causas de mortalidade de bovinos neste período são as clostridioses. De acordo com o coordenador de Serviços Técnicos de Ruminantes da Merial Saúde Animal, Roulber Silva, a solução para proteger o gado contra infecções causadas pelos clostrídeos passa pela adoção de um eficiente programa de vacinação.
"No Brasil, as clostridioses mais comuns em confinamentos são o botulismo e as enterotoxemias. Além destas, o rebanho está sujeito a outros tipos de clostridioses, como carbúnculo sintomático (ou manqueira), gangrena gasosa, tétano, morte súbita por clostrídeos e hemoglobinúria bacilar", explicou o especialista.
Causadas por bactérias anaeróbias, ou seja, que se multiplicam na ausência do oxigênio, as clostridioses resultam da liberação de toxinas produzidas pelos clostrídeos. Essas toxinas são responsáveis pelos sintomas e lesões observados nos animais doentes. Essas toxinas podem ser produzidas dentro do próprio animal afetado, como acontece nas enterotoxemias, ou externamente, como ocorre no botulismo.
Esses agentes, disse o especialista, convivem com o rebanho naturalmente, estando presentes no solo, cadáveres, pastagens e no tubo digestivo dos animais, mesmo os sadios. Por exemplo, nas enterotoxemias, os clostrídeos são ingeridos com alimentos ou água e podem ser encontrados no estômago e intestino dos bovinos sadios sem produzir qualquer alteração no animal, pois os outros micro-organismos, presentes normalmente no tubo digestivo dos bovinos, evitam uma multiplicação excessiva dessas bactérias.
Veículo: Diário do Comércio - MG