O novo diretor da unidade regional de operações Sul da Perdigão, Sidiney Koerich, assume o cargo num período delicado: no exato momento em que os efeitos da crise econômica internacional começam a respingar de forma mais contundente no setor de aves e suínos do País. As turbulências fizeram com que a empresa anunciasse a redução de cerca de 10% do volume a ser produzido em 2009, em relação ao ano anterior. Além disso, a Perdigão decidiu, recentemente, dar férias coletivas para os funcionários das plantas de Lajeado e de Porto Alegre. Mesmo num contexto pouco animador, o executivo, que atua há mais de 20 anos na empresa, garante novos investimentos para o Estado e fala sobre os motivos que levaram a empresa a comprar a Eleva.
Jornal do Comércio - O indicativo dos setores de suínos e aves era de redução de produção em função da crise. Isso realmente ocorreu com os produtores vinculados à Perdigão?
Sidiney Koerich - A previsão é de que diminuiremos cerca de 10% o volume produzido em 2009 em relação ao ano anterior.
JC - Como a empresa tem se posicionado para buscar alternativas para esse processo de readequação produtiva?
Koerich - Estamos realizando algumas paradas técnicas com objetivo de adequarmos a produção às demandas dos mercados. Isto já está sendo feito nas unidades do bairro Cavalhada, em Porto Alegre e do município de Lajeado. Na unidade da Capital gaúcha, onde trabalham 589 funcionários, a parada técnica ocorre até o dia 11 de março. Em Lajeado, a parada técnica acontecerá apenas no setor de aves, que tem 2,3 mil funcionários, entre 23 de março e 22 de abril. O período de paradas técnicas será utilizado para serviços de manutenção e melhorias.
JC - Quais os principais investimentos programados para o Rio Grande do Sul para 2009? Novas aquisições ou ampliações da capacidade produtiva? Qual a capacidade hoje e para quanto deve saltar?
Koerich - O plano de novos investimentos da empresa para o Rio Grande do Sul contempla as operações de lácteos e carnes. Só na planta de carnes de Lajeado serão aplicados R$ 65 milhões para o aumento da capacidade de abate de aves de 350 mil para 500 mil e de suínos, de 2 mil para 4 mil. Nas unidades de Bom Retiro do Sul, Serafina Correa e Marau serão investidos outros R$ 25 milhões. Entre os projetos previstos para a área de lácteos destacam-se a construção de uma indústria de leite em pó em Três de Maio e uma unidade de recepção e resfriamento em Bagé.
JC - Que motivos levaram a Perdigão a comprar a Eleva? Qual o valor do investimento? Como ficou a situação acionária?
Koerich - O que motivou a Perdigão a adquirir a Eleva foram as sinergias nas áreas de lácteos e carnes (Elegê/Batávia e Avipal/Perdigão). O negócio foi concluído em fevereiro de 2008 e o valor foi de R$ 1,7 bilhão. O controle acionário, desde que a Perdigão ingressou no Novo Mercado da BM&FBovespa em 2006, continua a ser difuso e pulverizado.
JC - Qual o nível de investimentos feitos em 2008, e a quanto deve chegar em 2009?
Koerich - Em 2008, foram investidos mais de 36 milhões e para este ano, a previsão é de que sejam investidos R$ 89 milhões.
JC - Recentemente circulou uma notícia sobre o possível aumento do número de produtores integrados vinculados à empresa. Isso realmente se confirma?
Koerich - A empresa conta hoje com aproximadamente 3,5 mil parceiros integrados no Rio Grande do Sul, na cadeia produtiva de frangos e suínos. Este número é suficiente para atender do atual volume de produção. Salientamos que a Perdigão, juntamente com seus parceiros integrados, busca constantes inovações, adequando instalações, equipamentos, genética, nutrição, para proporcionar maiores ganhos de processo.
JC - E como fica o processo de integração com os produtores de leite?
Koerich - Na área de lácteos, a empresa busca aumentar a produção e produtividade por meio de um programa de relacionamento chamado Clube do Produtor, que oferece uma série de benefícios ao produtor parceiro, visando à profissionalização e à capacitação técnica da propriedade.
Veículo: Jornal do Comércio - RS