Até o dia 7 do próximo mês, o consumidor do Grande ABC vai poder aproveitar os preços dos pescados nas grandes redes varejistas presentes na região. A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (que tem status de ministério) promove a Semana do Peixe em todo o País, programa em parceria com entidades ligadas aos supermercadistas, restaurantes e bares. Contudo, os feirantes ficaram excluídos da campanha do governo federal. Os comerciantes de peixe das feiras livres da região afirmam que não houve nenhuma diferença de preço no Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), local onde buscam os produtos.
O objetivo do programa do governo é incentivar o consumo de pescados no País, realizando a quinta edição do programa, que começou na segunda-feira. Com isso, os supermercados baixaram os preços dos produtos e a sardinha pode ser encontrada a R$ 2,99 o quilo - mais barato do que o frango, que tem custo médio de R$ 3,50 na região.
Os preços dos artigos também fazem frente aos de outras carnes, gerando uma nova opção para o cardápio dos brasileiros. "O valor do peixe e dos frutos do mar está interessante em relação as outras carnes. É um estímulo para o consumidor", explica Luiz Roberto Baruzzi, gerente comercial de Pescados do Grupo Pão de Açúcar.
No programa, a função do governo é organizar a cadeia desde a produção ao comércio para as promoções e trabalhar na divulgação, já que os preços mais baixos são resultado da oferta de produto e esforço do próprio comércio.
No entanto, os consumidores não estavam informados da semana de promoção. "O preço do congelado chamou a atenção, mas não sabia que estava havendo um programa do governo para incentivar o consumo do peixe", afirma Tereza Maria Ramos de Araújo, dona-de-casa de Santo André.
Nas feiras, os comerciantes desconhecem o evento e ainda afirmam que não houve mudança de preço para a revenda. Nesses locais o movimento também não diminui por causa da Semana do Peixe nos supermercados. "Nossos clientes são fixos, nos procuram sempre e não têm costume de comprar peixe no mercado. O público é diferente", conta David Monteiro Lopes, feirante de Santo André.
A professora Maria Helena Soncini Rodrigues e a dona de casa Rosana Guerreiro, ambas de Santo André, confirmam a diferença de clientela entre os supermercados e as feiras. "Prefiro o peixe na feira por ser mais fresco e ter mais opção", afirma Rosana.
Consumo de peixe no País é de 7 kg por habitante/ano
Com 7.367 quilômetros de extensão de costa marítima e inúmeros rios fornecedores de peixes, a média de consumo de pescado no Brasil é de apenas 7 kg por habitante em todo o ano. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que a alimentação à base desses produtos seja de 12 kg por pessoa/ano.
Até então, o preço e os hábitos de alimentação eram as principais barreiras para o consumo da carne. No entanto, o custo desse artigo já deixou de ser impedimento para consumo, restando apenas o paladar como limitante para o incremento nas vendas dos produtos.
A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, criada em 2003, tem como objetivo elevar para 9 kg a média até 2011. Para isso, serão destinados R$ 1,075 bilhão em recursos orçamentários do governo federal. Outra meta é ampliar a produção anual de 1 milhão para 1,4 milhão de toneladas no mesmo período, transformar o pescado brasileiro em produto competitivo no mercado internacional e promover uma queda de 20% a 30% nos preços do pescado.
A expectativa do governo é que a Semana do Peixe promova um incremento de 20% no consumo do produto em todo o País. Segundo o gerente comercial de Pescados do Grupo Pão de Açúcar, Luiz Roberto Baruzzi, o crescimento desse segmento tem sido de 25% ao ano, com 35% de incremento no último mês.
Veículo: Diário do Grande ABC