Abiec diz que negociações com Canadá, México e Indonésia estão avançadas, mas Coreia do Sul, Japão e Taiwan também têm potencial. Juntos, os países podem elevar as vendas em US$ 1 bilhão
São Paulo - Diante da expectativa de fechar o segundo ano consecutivo com queda na receita de exportação, o setor de carne bovina aposta na abertura de mercados que remunerem melhor os embarques para puxar uma retomada dos ganhos no ano que vem. Durante balanço anual da cadeia, realizado ontem, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, apontou o Canadá, México e Indonésia como os compradores com negociações mais avançadas, seguidos por Japão, Coreia do Sul e Taiwan. Juntos, estes países têm potencial para adicionar 180 mil toneladas nas vendas anuais do bovino brasileiro, o que significaria ampliação de US$ 1 bilhão no faturamento.
"Com o passaporte americano, é facilitado o acesso a países com preço médio mais interessante", estima o Camardelli, em referência à abertura dos Estados Unidos para compra de carne bovina brasileira em 2016. O status sanitário dos norte-americanos é muito rigoroso, uma vez presente naquele mercado, o País mostra que atende a altos padrões de qualidade.
Caso as expectativas se confirmem, haverá crescimento médio de 9% no faturamento de 2017, para US$ 6 bilhões. Vale lembrar que as previsões iniciais de 2016 consideram uma elevação em torno de 25% para as vendas externas, que não aconteceu. O cenário cambial em queda, com uma leve recuperação em novembro, somado aos problemas conjunturais de importantes mercados para a carne brasileira - como Rússia, Venezuela, Irã e Egito -, refletiram negativamente nos números de exportação do setor.
"Devemos fechar 2016 com um faturamento em torno de US$ 5,5 bilhões. Uma análise nos mercados destes quatro países (Rússia, Venezuela, Irã e Egito) apontou que deixamos de faturar aproximadamente US$ 670 milhões neste ano, exatamente o que nos aproximaria das projeções iniciais para 2016", afirma Camardelli.
A queda nos preços internacionais do petróleo e os conflitos políticos, especialmente na Rússia e Venezuela, também derrubaram o poder de compra desses países ao depreciarem suas respectivas moedas.
Em volume, desde 2010, os embarques transitam entre 1,1 e 1,5 milhão de toneladas, mesmo com a entrada e saída de diversos países na pauta de exportações da cadeia. Só entre os anos de 2015 e 2016, o Brasil passa a ser fornecedor de 129 para 133 mercados. Para Camardelli, a resposta está nas constantes crises econômica e políticas espalhadas pelo mundo desde a norte-americana, em 2008. Neste ponto, até o atual cenário brasileiro de recessão é considerado.
Na China, importante comprador global, o gargalo está no padrão do rebanho nacional. Apesar de retomado as relações comerciais com o País em 2016 e já figurar entre os 10 principais compradores, a falta de cortes gourmet fez com que os brasileiros perdessem o primeiro escalão de preços.
"Preço médio menor não quer dizer que estamos vendendo mais barato. Quer dizer que houve uma adequação nos produtos ofertados, dos mais nobres, para os menos. O que não podemos é ficar fora do mercado", explica o dirigente. Por fim, Camardelli destaca que a entidade projeta elevação da oferta de carne no ano que vem, impulsionadas por maior abate de fêmeas e animais mais pesados.
"O problema é: quem vai comer tudo isso se o mercado interno não se mexer?", questiona o presidente da Abiec.
Fonte: DCI - São Paulo