Pecuaristas bloqueiam abates em frigorífico

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Pelo menos 300 dos 20 mil habitantes de Vila Rica (a 1,259 mil quilômetros a Nordeste de Cuiabá) estão bloqueando uma estrada que dá acesso ao frigorífico Quatro Marcos para protestar contra a falta de pagamento aos 135 pecuaristas que venderam animais para abate. Com a medida, os manifestantes conseguiram impedir a continuidade dos abates do Quatro Marcos que entrou com pedido de recuperação judicial no ano passado e apresentou a lista de credores em março. O bloqueio começou no domingo e não tem prazo para terminar, segundo o presidente do Sindicato Rural de Vila Rica, Ivan Augusto Pelissari. O movimento é mais um dos desdobramentos da crise que atinge a cadeia de carne bovina no Brasil que, desde o ano passado, resultou no fechamento de mais de seis frigoríficos que deixaram de pagar cerca R$ 700 milhões aos produtores que forneceram animais para abate.

 

O débito do Quatro Marcos é devido desde agosto, segundo Pelissari, e também é formado por "calotes" mais recentes. "Após o pedido de recuperação judicial, a empresa passou a pagar à vista, mas alguns meses depois, retomou os pagamentos à prazo e vieram mais calotes", protesta Pelissari. "Vendemos novamente porque precisávamos do dinheiro para pagar dívida", acrescenta. Com os problemas no Quatro Marcos e o fechamento do Arantes e do Independência, o frigorífico mais próximo do Independência fica no município de Barra dos Garças, a 900 quilômetros de distância, sendo 450 quilômetros de estrada de terra.

 

O débito inclui os pecuaristas de Vila Rica e municípios vizinhos. "Somente Vila Rica tem rebanho de 700 mil cabeças, o quinto maior rebanho de Mato Grosso. A principal atividade é a pecuária e esses R$ 12 milhões representam muito para a nossa economia", afirma Pelissari. Os diretores do Quatro Marcos não foram localizados para falar sobre o assunto.

 

O grupo Quatro Marcos apresentou o Plano de Recuperação Judicial no final do mês passado, propondo o pagamento dos credores em 12 meses, sem correção de juros, e com carência de um ano, o que não vêm sendo bem aceito pelos produtores que, são, em sua maioria, de pequeno e médios portes, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato). "Muitos estão em situação muito complicada, porque venderam para o Quatro Marcos, para o Arantes e depois para o Independência, e não receberam de nenhuma dessas empresas", lamenta Pelissari.

 

Outro frigorífico que apresentou prazos extensos de pagamentos a pecuaristas foi o Frigoestrela. A proposta apresentada aos credores para quitar uma dívida estimada em R$ 240 milhões é de quitar no prazo de 20 anos, com o pagamento de R$ 12 milhões por ano.

 

No Brasil, há algumas semanas se discute a situação dos frigoríficos no País. A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu, chegou a cogitar a destinação de R$ 200 milhões da segunda parcela que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Participações (BNDESPar) destinaria ao Independência para pagamento dos pecuaristas. Mas, questionado sobre se havia no banco alguma discussão sobre essa destinação para pagamento de credores, a assessoria do BNDES apenas informou que a instituição "não tinha nenhuma informação sobre o assunto".

 

Entre as saídas para irrigar as indústrias com crédito, estaria a de liberar R$ 800 milhões que estão empossados em créditos tributários. As propostas ainda preveem a isenção de Pis e Cofins.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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