Foi só o preço dos insumos das aves aumentar para o produtor recorrer a alternativas mais criativas e eficientes como saída para conter a alta do custo de produção. Os complexos enzimáticos caíram no gosto do criador de aves e em 2008 o consumo desses aditivos superaram as expectativas dos fornecedores, que chegaram a dobrar o volume comercializado.
"Quando a enzima entra na composição da ração, ela ocupa o espaço de outros ingredientes, além de otimizar os nutrientes do milho. Ela permitiu então um equilíbrio no custo da ração, eu posso dizer até que para o produtor está mais em conta", avalia Ariovaldo Zanni, diretor executivo do Sindicato Nacional das Indústrias de Alimentação Animal (Sindirações).
Ariovaldo aponta ainda o aumento vertiginoso do fosfato - componente antigo da ração - em 2007, como um dos motivos da adesão às enzimas. "O preço triplicou, e para piorar, o custo do farelo de soja também aumentou muito. É aí que entra a enzima. Ela é uma solução maravilhosa para a alimentação animal, mas o Brasil é totalmente dependente do mercado externo.
Os navios que partem do México com destino ao porto de Paranaguá estão mais cheios de complexos enzimáticos. A carga extra demandada pelo mercado interno coloca em cada embarcação pelo menos 80 toneladas por mês, quase o dobro da quantidade transportada no período em 2007. Essas remessas são referentes apenas aos estoques da Alltech abastecidos pela fábrica da empresa no vizinho latino. Com isso, a participação da multinacional no mercado brasileiro de enzimas deve passar de 8% para 12%, de acordo com as previsões da empresa.
Mais enzimas nos contêineres, mais enzimas nas rações. O produto, que aumenta o aproveitamento de energia, proteína, aminoácidos e pricipalmente de fósforo pelas aves, está mais presente na alimentação das mesmas, que é responsável por 70% no custo de produção do frango. Custo que, aliás, teve um aumento de 35% nos últimos meses. Daí a opção por adicionar à ração, um incremento economicamente mais viável.
O nutricionista Gilson Gomes, da Globoaves, reforça a tese da alta do fosfato como fator determinante para a adição de uma dose extra de determinadas enzimas na alimentação das aves. A empresa que ele atende não é uma das 80 consumidoras da Alltech espalhadas pelo país, mas também aderiu à enzima para reduzir os custos de produção.
Segundo dados do Sindirações, o preço da tonelada das rações que em 2007 era de US$ 140, subiu para US$ 240 em janeiro de 2008, e, de acordo com a última cotação, já superou os US$ 335. Com o uso de complexos enzimáticos, os avicultores podem conseguir uma redução de cerca de R$ 15,00 ou 3% do montante gasto com a tonelada da ração, e o preço das enzimas já está embutido nesta conta.
A economia aparece também no tempo necessário para a engorda da ave. Se antes ela levava 40 dias para pesar 1,7 quilo, hoje, graças ao uso de aditivos, esse peso já pode ser alcançado no 34 dia. O tempo de alojamento é mais um dos elementos de redução do custo de produção.
O gerente de enzimas da Alltech, Breno Soares, explica que o uso do produto pode induzir o animal a reter 4% a mais da energia disponível na ração. "No caso do fósforo, por exemplo, as enzimas alteram a estrutura química dele e assim o nutriente consegue ser digerido pela ave, e uma quantidade bem menor é excretada no meio ambiente", explica Soares. O reconhecimento desse beneficiamento na alimentação do animal por parte do produtor gerou a expectativa de um crescimento de outros 30% no lucro da empresa só neste fim de ano. "Os nossos estoques já estão carregados para atender essa demanda que não pára de crescer", comemora Breno Soares.
Veículo: Gazeta Mercantil