Algumas unidades de abate de bovinos do Frigorífico Margen devem ser compradas ou arrendadas por indústrias consideradas de médio porte, interessadas em ampliar suas estruturas. Analistas de mercado citaram como exemplos de quem poderia vir a se interessar: os frigoríficos Quatro Marcos e o Arantes.
Na sexta-feira passada, o Margen deu a notícia da paralisação de 16 plantas, sendo que algumas delas são arrendadas e serão devolvidas aos seus proprietários.
"Para os frigoríficos de maior porte não interessaria adquirir uma empresa que tem unidades nas mesmas áreas onde eles já estão, seria como adquirir uma rede sobreposta. Mas pode haver interesse em comprar ou arrendar uma ou outra unidade que tenha determinada localização estratégica", opina José Vicente Ferraz, diretor do Instituto AgraFNP. "No entanto, os grandes frigoríficos já estão bem posicionados, é raro que não tenham unidades localizadas nas mesmas regiões onde está o Margen".
Para Ferraz, além das empresas consideradas de médio porte, os pequenos frigoríficos também poderiam se interessar, desde que tenham capital para isso ou consigam linhas de financiamento de longo prazo. Vale lembrar que o ano é crítico para essas indústrias, já que a escassez de bovinos elevou os preços da matéria-prima acima de recordes históricos.
A notícia do Margen foi dada sem causar muita surpresa aos agentes que atuam nesse mercado. Segundo Gabriela Tonini, consultora da Scot Consultoria, há vários meses a maior parte das unidades de abate do frigorífico já não estavam comprando bovinos. "A maior parte das plantas já não operava, víamos operar normalmente a de Mãe do Rio, no Pará", disse Gabriela.
Embora exista a possibilidade de arrendamentos ou aquisições das unidades paradas, Paulo Molinari, da Safras&Mercados, lembra que o momento de mercado não ajuda. "Há pouca oferta de bovinos e muitas plantas de abate". Molinari acrescentou também que a Perdigão mostrou o interesse, há algum tempo, de adquirir planta em Goiás ou no Mato Grosso, onde também estão unidades do Margen. Consultada, por meio da assessoria de imprensa, a Perdigão negou ter havido qualquer interesse em negociar plantas nessas regiões recentemente. Gabriela, da Scot, lembra, ainda, que nesse ano difícil para os frigoríficos, um dos pontos estratégicos importantes para a sobrevivência é a relação com os fornecedores da matéria-prima. Por isso, as grandes indústrias estão apostando em estratégias de fidelização.
Veículo: DCI